Opiniões
Acionistas destacam globalização; analistas temem por dívidas
Pedro Jereissati, principal executivo do grupo La Fonte e um dos principais acionistas do bloco de controle da Oi, afirma que a criação da nova empresa é mais um passo na direção de se criar uma grande empresa multinacional de telecomunicações com ambição global. "Os atuais acionistas controladores da Oi entendem que essa nova configuração, que resultará em uma empresa listada no Novo Mercado, fortalece a nova empresa e reforça o alinhamento entre todos os acionistas, viabilizando uma estrutura de capital que permita à nova companhia ter uma ambição global", afirmou Jereissati, em nota. Segundo o acionista Otávio Azevedo, do grupo Andrade Gutierrez, a aliança industrial celebrada em 2010 permitiu um conhecimento profundo da realidade das duas companhias. "Entre os pontos positivos, resolve problema de aumento de capital que teria que fazer a Telemar no ano que vem", afirmou o analista Guido dos Santos, do português Caixa Banco de Investimento. "Acho que quem perde é Portugal, já que a nova empresa vai ser brasileira, mas isso faz sentido, o mercado lá é enorme, com maior potencial de crescimento", acrescentou. Já o analista Pedro Oliveira, do Banco Português de Investimentos (BPI), não mostrou estar convencido sobre a fusão já que não resolve o problema da alavancagem da companhia. "A nova empresa terá um índice de alavancagem financeira de 3,3 vezes, o que é muito alto para o setor", disse.
Três bolsas
A CorpCo terá ações listadas no segmento Novo Mercado da BM&FBovespa, na bolsa de Nova York e na NYSE Euronext Lisbon. A Oi será uma subsidiária integral da CorpCo, que vai incorporar a Portugal Telecom. Cada ação ordinária da Oi será substituída por uma da CorpCo. Ao final, acionistas da Portugal Telecom terão 38,1% da CorpCo.
R$ 14,1 bilhões é o valor do aumento de capital previsto para a formação da CorpCo, empresa que vai assumir as operações de Oi e PT. A composição da nova companhia vai depender da participação de cada um dos sócios nessa operação.
A Oi e a Portugal Telecom, uma das principais acionistas da operadora brasileira, anunciaram ontem um acordo preliminar para uma fusão de suas operações que prevê um aumento de capital de pelo menos R$ 7 bilhões de reais na Oi. A operação criará a CorpCo, uma multinacional com cerca de 100 milhões de clientes e permitirá um melhor aproveitamento para recursos da ordem de cerca de R$ 5,5 bilhões, afirmaram os grupos.
INFOGRÁFICO: Confira alguns números sobre Oi e Portugal Telecom (PT)
Segundo o documento, essa economia virá do aumento de escala das atividades e dos ganhos advindos da união das duas grandes empresas de telecomunicações. A operação será finalizada no primeiro semestre de 2014 e simplificará a complexa estrutura societária atual das duas empresas. Segundo as empresas, a CorpCo não terá acionista ou grupo de investidores vinculados que detenham a maioria das ações votantes da companhia.
Agitação
O segmento de telecomunicações está em grande agitação. O anúncio da fusão vem uma semana depois de a espanhola Telefónica fechar acordo com os principais acionistas da holding controladora da Telecom Italia para aumentar participação no grupo. No Brasil, a Telefónica controla a Vivo e a Telecom Italia detém a TIM, rivais da Oi. A própria Oi fez já poucos dias um grande corte em sua política de dividendos, pressionada por uma dívida líquida de quase R$ 30 bilhões e pela necessidade de acelerar investimentos no país.
O mercado especulava há meses sobre a união das duas companhias, em apostas que foram reforçadas a partir de junho quando o executivo Zeinal Bava deixou o comando da Portugal Telecom para liderar a Oi. A empresa portuguesa é, desde 2010, uma das principais acionistas da Oi, depois de ter vendido à Telefónica a participação que tinha na Vivo.
A CorpCo tem a ambição de estar entre as maiores do mundo, com significativo potencial de crescimento no Brasil, disse o presidente-executivo da Oi e da PT Portugal, que confia na redução da dívida do grupo e melhoria de flexibilidade financeira. A ação da empresa portuguesa disparou mais de 20% após o anúncio. "A ambição é estar entre os maiores players globais, assumindo uma vocação multinacional", disse Zeinal Bava.
Fusão vai beneficiar consumidor, diz ministro
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que a fusão entre a Portugal Telecom e a Oi/Brasil Telecom representa a consolidação de um processo que já estava sendo desenhado desde a compra de participações na Oi pela empresa portuguesa. "O caso da Brasil Telecom com a Portugal Telecom já vinha sendo anunciado. Ela já tinha entrado como sócia, e agora anunciaram movimento de fusão entre as duas empresas. Para nós, competição é bom. Ajuda o mercado. A briga entre elas faz com que o consumidor acabe ganhando", disse Paulo Bernardo, durante audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado.
TIM e Vivo
Paulo Bernardo citou outro negócio entre duas grandes do setor: a Vivo, do grupo espanhol Telefônica, e a TIM, ligada à Telecom Itália. "Em 2007, a Telefônica passou a fazer parte de um bloco que tem controle das ações estratégicas da Telecom Itália. Dez dias atrás, anunciaram que a Telefônica pode aumentar sua participação nesse bloco. Colocaram dinheiro para pagar a dívida, o que pode ser exercício para aumento de capital. Isso pode ser anunciado em janeiro", disse o ministro.
Bernardo lembrou que só a TIM tem 78 milhões de números de celulares no mercado brasileiro, e a Vivo, cerca de 85 milhões. "O que temos de concreto é que eles têm até o final dessa semana para apresentar documentação ao Cade e à Anatel, e que há um acordo prevendo que a Vivo não pode participar das decisões estratégicas da TIM" explicou.
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