Caso a oferta feita pela Sadia para a compra das ações da Perdigão seja aceita pelos acionistas, a fusão entre as duas empresas pode dar origem à segunda maior exportadora mundial de carnes. O diretor de Relações com Investidores da Sadia, Luiz Murat, disse que a operação pretende criar uma companhia capaz de competir com multinacionais de carnes que já demonstraram interesse em se estabelecer no Brasil. Juntas, Sadia e Perdigão esperam investir neste ano R$ 1,2 milhões. "A junção vai nos permitir um crescimento mais acelerado."
O presidente do Conselho de Administração da Sadia, Walter Fontana Filho, descartou a possibilidade de fechamento de fábricas ou demissão de funcionários. "Em especial no Paraná, a Sadia tem seus maiores investimentos e eles devem continuar. Não haverá cortes em nenhuma das empresas." Segundo o presidente, as duas já trabalham no limite da sua capacida de produção e a fusão pode viabilizar ampliações necessárias para o crescimento de ambas.
Em sua oferta, denominada como "voluntária" por Fontana Filho, a Sadia propõe a compra das ações da Perdigão por R$ 27,88 cada papel) valor equivalente à cotação média dos papéis da empresa na Bovespa nos últimos 30 dias, acrescido de prêmio de 35%. A negociação pode chegar a R$ 3,7 bilhões, se os acionistas aceitarem a venda de 100% das ações da empresa. O pagamento deve ser feito em dinheiro R$ 1 bilhão terão origem no caixa da própria Sadia e outros R$ 2,7 bilhões serão originados de uma carta de crédito junto ao ABN Amro Bank.
Entre os outros critérios colocados pela Sadia para o sucesso da negociação está a aquisição de, no mínimo, 50% mais uma das ações da concorrente, o que garantiria a ela o controle acionário da empresa. Os acionistas da Perdigão têm até 24 de outubro para dar uma resposta.
Ele disse ainda que a Sadia "sentiu-se encorajada" a fazer a proposta para compra da concorrente quando a Perdigão entrou no Novo Mercado e estabeleceu regras para o caso de venda. "Se não o fizermos agora [oferta de compra], alguém vai fazer. " Em 2004, a Seara terceira empresa do setor, depois de Sadia e Perdigão foi comprada pela norte-americana Cargill. Seis anos antes, a francesa Doux havia adquirido a quarta do ranking, a Frangosul.
A princíprio, a oferta feita pela Sadia à Perdigão foi considerada pelos executivos da empresa como abaixo do que realmente valem as suas ações. O presidente da Perdigão, Nildemar Sacches, disse que estuda a contratação de novo laudo para embasar a decisão dos acionistas. "Estamos vivendo um processo preliminar. Nossa missão é dar elementos aos acionistas para nortear sua decisão." Ele lembrou instituições financeiras que aventaram preços acima do cogitado pela Sadia, em uma faixa de R$ 35 por ação.
O presidente da Perdigão classificou a oferta como hostil. "Estava na praia quando recebi o telefonema. Nós estávamos preparados, mas não esperávamos que uma oferta unilateral viesse agora."