Após o recorde alcançado no ano passado, as fusões e aquisições de empresas deverão ter outro bom ano em 2022. E as transações entre companhias nacionais continuarão sendo destaque, apontam especialistas no mercado ouvidos pela Gazeta do Povo.
“A pandemia obrigou a uma transformação das empresas. Os canais de distribuição e o comportamento do consumidor estão mudando drasticamente”, diz Ricardo Maciel, sócio de M&A e de reestruturação financeira da consultoria Mazars.
No ano passado, segundo a KPMG, foram registradas 1.963 operações, o melhor desempenho em 25 anos. É 59% a mais que o registrado em 2019, quando foi registrado o recorde anterior. A maior parte das transações foi doméstica (1.289) e envolveu principalmente companhias de internet e empresas de TI (1.016).
“Esses resultados consolidam a tendência de investimento em transformação digital e inovação protagonizados pelas companhias brasileiras e multinacionais, que têm feito aportes estratégicos em diversos segmentos de negócios. Isso indica ainda que a confiança em negócios relacionados com inovação permanece em uma rota crescente junto a investidores estratégicos e financeiros desde o início da pandemia, em 2020”, ressalta o sócio-líder de fusões e aquisições da KPMG no Brasil, Luis Motta.
Mesmo com a possibilidade de um cenário eleitoral mais complicado e as expectativas de baixo crescimento econômico, o ritmo de negócios deve se manter. Um dos fatores que contribui para isso é a entrada de novos modelos de negócios, impulsionados por tecnologias como o metaverso e o 5G.
“Não existe uma alteração nas tendências”, destaca Motta. Ele aponta que outros segmentos que devem ter bons desempenhos em 2022 são os de educação, infraestrutura, saúde e agronegócio.
O especialista da KPMG também acredita em uma presença forte de estrangeiros nas transações empresariais, entrando diretamente ou via fundos, como os de venture capital.
Por que o Brasil é boa opção para fusões e aquisições
“O Brasil é uma boa opção para o investidor estrangeiro. Tem ativos mais baratos e está em um processo de privatizações e concessões, que movimenta bilhões”, diz Maciel.
Ele diz que há alguma preocupação com o câmbio (do início do ano até dia 24, o dólar caiu 14% em relação ao real) e com a inflação (que acumulou alta de 10,54% em 12 meses até fevereiro), "mas questões estratégicas perpassam estas variáveis".
"Os principais objetivos das empresas ao se envolver nesse tipo de transação são a de obter musculatura e ampliar a capilaridade”, diz Maciel. O objetivo, segundo ele, é o de capturar sinergias para se tornar estrategicamente mais relevante.
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