Num primeiro momento, o crescimento da economia de Angola faz inveja, lembrando os índices do milagre econômico brasileiro. Em 2006, o PIB cresceu 14%, chegando a US$ 28,6 bilhões. Taxas altas como essa se repetem a cada ano, embaladas pelo crescimento do setor petroleiro, responsável por metade do PIB e 90% das exportações.

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Vale lembrar que as taxas são altas porque partem de uma base muito baixa de investimentos. Além das oportunidades in loco, o Brasil ainda tem muito a crescer na pauta de importações de Angola. Em 2006, fomos responsáveis por 7% de suas compras externas, ante 20% da Coréia do Sul.

Mas nem tudo são flores, de acordo com quem trabalhou por lá. Alguns relatos dão conta de que há trabalhadores dormindo em contêineres de metal, devido aos aluguéis caríssimos, acessíveis somente a empresas. São raros saneamento básico, água encanada e luz elétrica. Uma providência essencial é se medicar contra a malária, doença comum. Os angolanos costumam receber só a metade do salário dos estrangeiros e mesmo assim a taxa de desemprego é alta, estimada em 27%.

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O administrador Nelson Kretzer conta que os brasileiros são mais bem recebidos depois que declaram sua nacionalidade – identificada com futebol e a Igreja Universal do Reino de Deus, em ascensão entre os angolanos.

Há muitos brasileiros que não reclamam e até já levaram a família, como o arquiteto Álvaro Barros, que trabalha como assessor técnico de uma seguradora e só faz ressalva ao trânsito caótico. "Recomendo as áreas de saúde, construção civil, mineração e petroquímica", diz. Ele alerta para a dificuldade inicial para conseguir visto de trabalho. "O processo é difícil. O que deveria durar três meses acaba por levar um ano ou mais."(HC)