Manifestantes marcham pelas ruas debaixo de muita chuva em protesto contra os membros da cúpula do G-20 em Toronto, no Canadá| Foto: Christine Muschi / Reuters

Líderes mundiais, na expectativa de dar forças a uma recuperação econômica muito frágil, irão deixar que cada país decida a melhor forma de reparar os comprometidos orçamentos sem minar o crescimento.

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O grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia (G-8) se reuniu pelo segundo dia consecutivo neste sábado (26) em um resort ao norte de Toronto, seguido por uma cúpula do G-20 que será concluída no domingo.

Como a agenda oficial mudou para discussões econômicas e políticas desde ajuda e desenvolvimento, questões como a redução das enormes dívidas públicas, regulação bancária e o valor da moeda chinesa ganharam prioridade.

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"A nossa cúpula anual acontece no momento em que o mundo inicia a frágil recuperação da maior crise econômica em gerações", disse o G-8 em um comunicado neste sábado.

Um esboço de comunicado do G-20, cujos trechos foram obtidos pela Reuters, mostra que o grupo concordou em reduzir pela metade os déficits orçamentais até 2013 e estabilizar a dívida a uma porcentagem do PIB até 2016.

Uma fonte no G-20 disse que não há expectativa de inclusão de nenhuma recomendação específica a algum país no comunicado oficial a ser divulgado ao fim do encontro no domingo.

Em vez disso, o grupo provavelmente concordará com a necessidade de reduzir déficits, permitindo que cada país escolha seu próprio ritmo.

Um representante do G-20 disse que o esboço do comunicado final saúda a flexibilização do iuan anunciada pela China no último fim de semana.

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No entanto, a frase pode ser retirada do comunicado final, porque pode geral mal-estar com Pequim, que tem insistido que sua taxa de câmbio é uma questão de soberania e não tem lugar na agenda do G20.

O grupo irá também permitir que os países adotem ou não a cobrança de uma taxa sobre os bancos para recuperar os custos dos resgates. Os Estados Unidos e a Europa têm pressionado a criação de tal imposto, enquanto outros países, incluindo o Canadá, contestaram a medida, alegando que os seus bancos agiram de forma conservadora durante o boom de crédito e não devem ser punido pela recente crise financeira.

A recessão global deu lugar a uma recuperação em três velocidades, com o crescimento da Ásia, que segue à frente, seguida pela recuperação norte-americana e a Europa fica mais atrás.

Como resultado, a unidade do G-20 começa a rachar, com os líderes discordando sobre a melhor forma de proteger a recuperação. O desemprego continua alto na maioria das economias avançadas e o crescimento vem desacelerando desde o final do ano passado.

Angel Gurria, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris, disse que ignorar o peso da dívida poderia aumentar os custos de empréstimo, mas um corte demasiado cedo pode piorar o desemprego.

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"Conseguir o equilíbrio é fundamental", disse ele.

Apesar das diferenças entre os países, as câmeras mostraram saudações amistosas à medida em que os líderes do G8 tomaram seus lugares à mesa redonda no resort de luxo de Deerhurst. Um sorridente presidente Barack Obama apertou as mãos de seus colegas e depois conversou com o presidente da França, Nicolas Sarkozy.

Milhares de manifestantes eram esperados no centro de Toronto neste sábado, marchando desde prédios do governo até o perímetro de segurança do G20.

A polícia esperava por manifestações pacíficas, mas alguns organizadores expressaram preocupação porque a marcha deste sábado reunirá uma grande variedade de causas, aumentando o potencial de confrontos com a polícia.

Crescimento equilibrado

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O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, pedirá no encontro que seus colegas do G-20 se comprometam a medidas adicionais de apoio à recuperação econômica.

Num jantar de trabalho que dá início à reunião do G-20, Harper elogiará o grupo pelo progresso no cumprimento dos objetivos estipulados em suas últimas três cúpulas, disse a jornalistas o porta-voz de Harper, Dimitri Soudas.

"O primeiro-ministro também irá destacar que, se o G-20 'e para ser o principal fórum econômico internacional os países terão de tomar novas medidas para proteger a recuperação e colocar o crescimento em um movimento forte, sustentável e equilibrado", disse ele.

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