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Diretor do Fundo Monetários Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn concede entrevista coletiva em Paris, na reunião do G-20 | Charles Platiau / Reuters
Diretor do Fundo Monetários Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn concede entrevista coletiva em Paris, na reunião do G-20| Foto: Charles Platiau / Reuters

Após anos de resistência, a China deu sua aprovação ao escrutínio de sua muito criticada política de câmbio, permitindo que as maiores economias do mundo mantenham viva a ambição de criar um sistema de alerta para tentar evitar futuras crises. Mas a China obteve uma concessão importante no acordo fechado neste sábado (19) pelo Grupo dos 20 (G-20) principais países industrializados e em desenvolvimento, conseguindo manter fora do comunicado as reservas estrangeiras como um indicador dos desequilíbrios da economia global.

Os ministros das Finanças do G-20, reunidos em Paris, chegaram a um acordo sobre uma lista de indicadores que poderá ser usada para avaliar se suas políticas econômicas estão contribuindo para desequilíbrios globais. "No fim, a China sentiu que não tinha nenhum apoio mesmo de seus tradicionais aliados, que ficaria sozinha neste grupo, cujo papel é evitar crises na economia global", disse um ministro de Finanças do G-20. "Isso ficou claro para eles. A China conseguiu uma concessão na medida de conta corrente e acho que eles sentiram que não deveriam insistir mais" em relação ao câmbio.

A China conseguiu outras concessões. O país também se opunha ao uso de déficits em conta corrente. Em vez disso, o G-20 concordou em monitorar a balança comercial e a receita líquida de investimentos no exterior. A China tinha insistido que seus ganhos com investimentos das reservas estrangeiras no exterior não deveriam ser incluídas como uma medida de desequilíbrio externo e o compromisso deu ao país boa parte do que era pedido.

Foi acertado que os desequilíbrios externos devem ser avaliados "levando-se em consideração a taxa de câmbio, a política fiscal, a monetária e outras". O comunicado do G-20 também inclui outras medidas, tais como dívida pública e poupança privada, que vão sinalizar para o G-20 problemas como a necessidade de os EUA reduzirem seu déficit de muitos trilhões e a necessidade de a China estimular o consumo doméstico. Mas isso era visto como pouco significativo comparado com o impacto do yuan desvalorizado.

Os ministros das Finanças do G-20 começaram a elaborar uma série de passos destinados a evitar futuras crises que primeiro alerta o grupo da existência de problemas. Numa segunda etapa do processo que deve ser longo, eles devem explorar as raízes dos problemas e recomendar políticas para resolvê-los.

"Concordamos sobre uma lista de indicadores que nos permitirá focar (...) nos desequilíbrios persistentemente grandes que exigem ações políticas", diz o comunicado final do G-20. É preciso evitar desalinhamentos persistentes das taxas de câmbio" segundo o comunicado, que ressalta o fato de que o crescimento robusto das economias emergentes pode dar sinais de superaquecimento.

Fortalecimento do G-20 - O acordo deve fortalecer a legitimidade do G-20. Muitos analistas, economistas e participantes do mercado temiam que o grupo estivesse se tornando apenas retórico. "O acordo será apresentado como um consenso, não uma vitória e também como um passo à frente no G-20", disse um representante de um banco central do grupo. "Afinal, mostra a intenção da China de ser flexível em outros fóruns em questões como o ritmo em que permite a valorização do yuan", acrescentou.

Mas a batalha política mais difícil será enfrentada agora pelo G-20: debater qual a faixa numérica que o grupo considera uma distorção potencialmente perigosa, caso o G-20 possa de fato chegar a algum acordo sobre números. O processo deve levar anos. Mesmo se o G-20 concordar na cúpula de líderes de novembro em implementar o sistema de alerta, e um alarme for disparado nos meses seguintes, o grupo terá então de estudar quais são as raízes do problema.

"Estamos caminhando gradualmente para chegar a um consenso sobre formas de avaliar medidas e causas de desequilíbrios externos", disse Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA. "Este processo levará tempo, mas acontecerá, porque todos os países, particularmente as economias emergentes do G-20, têm um forte interesse em reduzir o risco de que seu crescimento futuro e estabilidade financeira sejam prejudicados por grandes desequilíbrios globais", acrescentou. As informações são da Dow Jones.

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