Ministros de Finanças de todo o mundo deram nesta sexta-feira aos Estados Unidos prazo até o final do ano para ratificar as reformas há muito adiadas no Fundo Monetário Internacional (FMI) e ameaçaram avançar sem os norte-americanos, se não fizerem isso. A incapacidade de prosseguir com medidas para dar aos mercados emergentes uma voz mais poderosa no FMI e escorar os recursos dos credores parecem ser a questão mais controversa para as autoridades do Grupo das 20 maiores economias e os representantes de todos os países-membros do FMI que se reuniram com elas. Em um comunicado final, os ministros das Finanças e chefes de bancos centrais do G20 disseram que estavam "profundamente decepcionados" com a demora. "Aproveito esta oportunidade para exortar os Estados Unidos a implementarem as reformas como uma questão de urgência", disse a repórteres o responsável pela pasta do Tesouro da Austrália, Joe Hockey, à margem dos encontros realizados pelo FMI e Banco Mundial. As reformas dobrariam os recursos do Fundo e dariam mais poder de voto no FMI para países como os do chamado Brics --Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o fim deste ano é o limite para as reformas do FMI saírem do papel. "O final do ano para mim é o limite final. Passar quatro anos esperando é muito", afirmou Mantega a jornalistas. O Congresso dos EUA se recusou a assinar a revisão, que é resultado de um acordo de 2010, e o fracasso ofuscou até mesmo as discussões sobre a crise na Ucrânia e as repercussões das políticas de superafrouxamento monetário nas economias avançadas. Alguns republicanos se queixam de que as mudanças custariam muito em um momento em que o governo dos EUA enfrenta grandes déficits orçamentários. As reformas também entram em conflito com uma tendência isolacionista crescente entre a influente ala do Tea Party no Partido Republicano. Se Washington não ratificar as reformas este ano, as economias emergentes e as avançadas do G20 disseram que iriam pedir ao FMI que adote novas medidas possíveis. Uma fonte disse que o Brasil tinha pressionado por uma linha mais dura. O país queria obrigar o Fundo a começar a trabalhar agora para determinar as opções a serem implementadas se os Estados Unidos não conseguirem agir, uma ideia que apareceu num rascunho preliminar do comunicado. Há algumas medidas específicas que as autoridades podem tomar para pôr em prática pelo menos uma parte da reforma de governança na instituição, sem a aprovação formal dos EUA. Mas o ministro das Finanças de Cingapura, Tharman Shanmugaratnam, que é chefe do comitê de política do FMI, disse ser muito cedo para falar sobre alternativas. "Temos todas as razões para pensar que as reformas de 2010 serão aprovadas pelos EUA", afirmou, acrescentando que se isso não acontecer, a credibilidade e a eficácia do Fundo serão afetadas, porque, por ora, está contando com recursos emprestados. Mais cedo nesta sexta-feira, o ministro das Finanças da Rússia disse que os países em desenvolvimento poderiam exigir alterações no mecanismo de empréstimos de emergência do FMI se os Estados Unidos não aprovarem a revisão. Mas o prazo final para os norte-americanos até o final do ano faz com que a decisão fique para depois das eleições de meio de mandato nos EUA, marcadas para novembro. Algumas autoridades disseram que seria mais fácil para o Congresso dos EUA tomar uma decisão depois das eleições.
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