O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, disse nesta quinta-feira (2) que os líderes do Grupo dos 20 (G-20) concordaram com uma expansão fiscal coordenada sem precedentes que totalizará US$ 5 trilhões até o fim do próximo ano. "Este acordo de injetar dinheiro na economia internacional é um passo muito significativo em direção à recuperação", afirmou Brown em entrevista à imprensa depois da reunião do G-20, em Londres.
Brown explicou que o estímulo fiscal de US$ 5 trilhões será introduzido até o fim de 2010 e oferecerá US$ 250 bilhões em fundos para financiar o comércio nos próximos dois anos. Um novo programa do Banco Mundial responderá por US$ 50 bilhões do total de financiamento ao comércio, acrescentou.
Segundo o comunicado do encontro, o grupo concordou em triplicar os atuais recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para US$ 750 bilhões, para apoiar uma nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES, a moeda do FMI) de US$ 250 bilhões, dar sustentação a pelo menos US$ 100 bilhões em empréstimos adicionais pelos bancos multilaterais de desenvolvimento e garantir US$ 250 bilhões em financiamento ao comércio. O G-20 concordou também em usar os recursos adicionais de vendas de ouro do FMI para financiar os países mais pobres e constituir um programa adicional de US$ 1,1 trilhão para dar apoio à recuperação do crédito, do crescimento e do emprego na economia mundial.
Brown disse que a China contribuirá com US$ 40 bilhões para o FMI, mas não disse se Pequim fará a contribuição por meio da compra de bônus do FMI e ou créditos. A União Europeia e o Japão contribuirão com US$ 100 bilhões cada. Brown disse que alguns países vão transferir sua alocação de DES para países mais pobres e que a venda de ouro do FMI também ajudar estes países.
O G-20 decidiu que o FMI vai avaliar as ações adotadas e traçar as "as ações globais necessárias" para cumprir os objetivos anunciados hoje pelo grupo. A reforma das regulações financeiras se inclui entre estes objetivos. Brown disse que o G-20 concordou com uma postura comum para limpar os balanços dos bancos e reformar o sistema financeiro. Isso ajudará a restaurar a confiança no sistema financeiro mundial, disse. Ele descreveu o resultado do encontro como um exemplo "de ação coletiva - pessoas dando o melhor de si num trabalho conjunto".
Os membros do G-20 concordaram ainda em evitar qualquer medida protecionista até o fim de 2010, estendendo, assim, o compromisso já anunciado de não adotar ações protecionistas até o fim deste ano. O grupo também se comprometeu a chegar a uma conclusão "ambiciosa e equilibrada" da Rodada Doha de comércio global, prometendo "um foco renovado e atenção política" para a finalização do acordo. Segundo o G-20, isso poderá ampliar a economia global em pelo menos US$ 150 bilhões. O grupo pediu relatórios trimestrais a serem divulgados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre medidas protecionistas e países que desrespeitem o acertado.
O grupo aprovou ainda uma revisão das quotas votantes do FMI até o fim de janeiro de 2010. Segundo o comunicado, o G-20 também concordou em subscrever uma série de princípios para "promover a atividade econômica sustentável". O grupo se reunirá novamente antes do fim deste ano para fazer uma avaliação do progresso em seus compromissos. As informações são da Dow Jones.