Greve geral começa com manifestações
Protestos durante a greve geral na Grécia provocaram confrontos no centro de Atenas ontem. Os manifestantes são contrários às demandas internacionais para que o país adote mais medidas de austeridade, em troca do pacote de ajuda financeira de 130 bilhões de euros da Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na Praça Sintagma, centenas de jovens encapuzados atacaram a polícia antidistúrbio com coquetéis molotov e outros artefatos, além de quebrar objetos na região. A polícia utilizou gás lacrimogêneo e perseguiu alguns dos jovens. Pelo menos uma pessoa foi detida.
As duas maiores centrais sindicais do país GSEE, do setor privado, e ADEDY, do público convocaram a greve geral de 48 horas a partir de sexta-feira, além de uma série de protestos até domingo. Os serviços de ferrovias, ferry e o transporte público estão suspensos no país, enquanto os serviços públicos enfrentam grandes problemas. Os advogados também anunciaram uma paralisação de três dias a partir da segunda-feira.
O gabinete da Grécia aprovou na noite de ontem o pacote de reformas econômicas exigidas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para liberar mais 130 bilhões de euros ao país, mas os cortes ainda precisam ser aprovados no Parlamento a votação está prevista para domingo. As medidas também motivaram pedidos de renúncia de dois ministros e de quatro vice-ministros do país nos últimos dois dias.
O pacote inclui uma redução de 22% no salário mínimo, numa época em que a taxa de desemprego está em 20% da força de trabalho. Além disso, o governo precisará demitir 15 mil funcionários públicos sindicalizados, entre outras medidas. "Nós aprovamos", disse uma autoridade do governo após a reunião de quatro horas. O acordo com a UE e o FMI ainda inclui os termos da operação para reduzir a dívida grega detida pelo setor privado. Uma outra fonte do governo do país disse que o Banco Central Europeu (BCE) também deve participar dessa operação indiretamente.
Mais cedo, o líder do Laos o menor partido do governo de coalizão da Grécia havia dito que não havia chances de o partido aprovar as medidas de austeridade fiscal. A declaração contrariou o anúncio de Atenas na quinta-feira, de que todos os partidos da coalizão haviam chegado a um acordo para garantir a aprovação das reformas no parlamento. O Laos no entanto, possui apenas 16 dos 300 assentos do parlamento grego. Os dois outros partidos da coalizão, o Socialista (Pasok) e o Nova Democracia (centro-direita), conseguiriam aprovar sozinhos as medidas, pois detêm 236 assentos.
"Não haverá desembolso [do dinheiro do pacote] sem a implementação" das medidas de austeridade, alertou o premiê de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, na quinta-feira. Sem o segundo pacote de resgate, a Grécia poderá entrar em moratória já em março, pois precisa do dinheiro antes do pagamento de títulos que vencem em 20 de março, além de fechar um acordo para a redução da dívida com credores privados.
Apesar dos percalços, o primeiro-ministro grego Lucas Papademos prometeu "fazer tudo o que for necessário" para assegurar que o Parlamento aprove as novas medidas de austeridade que vão cortar o salário mínimo no país, que enfrenta seu quinto ano de recessão. Segundo Papademos, o pacote de ajuda e o acordo da redução da dívida com credores privados fará com que a Grécia volte a crescer no ano que vem e produzir um superávit primário de 4,5% em 2012, melhor que a previsão oficial anterior de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Um default desordenado colocaria nosso país numa aventura catastrófica e criaria condições para um caos econômico e explosão social incontroláveis", afirmou o premiê. "O padrão de vida dos gregos no caso de um default desordenado ruiria e todo o país seria varrido para um profundo redemoinho de recessão, instabilidade, desemprego e penúria. Esses acontecimentos levariam, cedo ou tarde, à saída da zona do euro", acrescentou.
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