Futuro presidente do Banco Central ainda confirmou que juros permanecerão altos para reduzir inflação.| Foto: Pedro França/Agência Senado
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O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, descartou nesta quinta (19) que haja um ataque coordenado do mercado financeiro contra o real para elevar a cotação do dólar, como tem ocorrido nos últimos dias e que levou a moeda norte-americana ao recorde de R$ 6,26 na quarta (18) e chegou a R$ 6,30 nesta manhã.

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A fala do indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contrasta com a de membros e aliados do governo, que veem um “ataque especulativo” do mercado financeiro em meio à votação do pacote de corte de gastos pelo Congresso, que enfrenta dificuldades e está sendo desidratado.

Galípolo afirmou que o mercado financeiro não atua de maneira uniforme, e sim com “posições contrárias” com compradores e vendedores da moeda.

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“Quando o preço de ativo [como o dólar] se mobiliza em uma direção, têm vencedores e perdedores. Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje”, disse Galípolo em uma entrevista coletiva com o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

Ele ainda pontuou que "o Banco Central tem muita reserva e vai atuar quando necessário", sendo emendado por Campos Neto de que se confirmou uma saída atípica de dividendos para o exterior "acima da média, com resultado maior", inclusive de pessoas físicas.

O atual e o futuro presidente do Banco Central fizeram um balanço dos trabalhos deste ano e da transição de mandatos, que afirmam estar sendo “suave” e com ideias alinhadas. Galípolo agradeceu a Campos Neto e afirmou que a mudança de direção acontece em um momento de reforço da autonomia da autarquia.

Ele e Campos Neto reafirmaram que o Banco Central “tem todas as necessárias” para levar a inflação ao centro da meta de 3%. Mais cedo, a autarquia admitiu o estouro da meta fiscal deste ano para 4,9% – o teto é de 4,5%.

“O Banco Central tem feito tudo o que pode fazer entendendo as disfuncionalidades que existem de mercado e esse período que estamos passando, onde tem algum questionamento e incerteza em relação à política fiscal”, disse Roberto Campos Neto.

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Ele afirmou que o Banco Central não tem a função de avaliar a condução da política fiscal do país, mas sim sobre como melhorar a credibilidade na economia – mesmo que, para isso, tenha de agir sozinho.

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Campos Neto disse que a instituição em si pode até ter uma percepção sobre a política fiscal do país, mas que precisa agir como “ação e reação” se o mercado vê algo diferente e demanda por um posicionamento.

Galípolo reforçou que, ao perseguir a meta de 3% da inflação, Lula deu toda a autonomia necessária tanto para a atuação do Banco Central como na escolha dos diretores, que agora serão maioria indicados pelo atual governo. Ainda apontou que, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que elevou a taxa básica de juros em 1% e sinalizou novos aumentos no ano que vem, ele é quem teve a opinião mais ouvida e que a decisão foi unânime.

“Temos clareza de para onde estamos indo. Já foi muito corajoso em função da materialização dos riscos de fazer sinalização de mais duas reuniões. O que vai acontecer dali para frente vamos ter de esperar. Mas está bem claro de que em qual direção a gente deu esse passo. De caminhar para uma taxa de juros em patamar restritivo com alguma segurança”, pontuou.

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