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Política monetária

Galípolo diz que “jamais” se sentiu pressionado por Lula no Banco Central

Gabriel Galípolo
O diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, é o principal cotado para substituir Roberto Campos Neto no comando do Banco Central. (Foto: Albino Oliveira/Ministério da Fazenda.)

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O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19) que “jamais” se sentiu pressionado pelo presidente Lula (PT) a tomar “qualquer tipo de atitude” por ter sido indicado pelo governo petista para o cargo.

“Jamais me senti pressionado a ter qualquer tipo de atitude a partir da minha indicação no BC, o presidente tem tido uma atitude republicana… Eu não sinto qualquer tipo de pressão, pelo contrário, todas as vezes é renovada a liberdade e autonomia”, disse o diretor do BC durante o evento Conexão Empresarial, promovido pela VB Comunicação, em Belo Horizonte (MG).

Galípolo é o principal cotado para substituir Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária. Ele foi indicado para a diretoria do BC em maio do ano passado, após atuar como “número 2” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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Lula já declarou que Galípolo é um “menino de ouro” e tem “todas as condições” de presidir a instituição. No entanto, segundo Galípolo, a possível indicação é um “não assunto” entre os diretores da autarquia.

O chefe do Executivo tornou público seu descontentamento com Campos Neto em uma série de críticas feitas em entrevistas e eventos oficiais. Em junho deste ano, Lula chegou a dizer que o presidente do BC é um “adversário político e ideológico”.

Cenário é “ainda mais desconfortável” para próxima reunião do Copom

O principal ponto de discordância apontado pelo mandatário é a interrupção do ciclo de cortes na taxa básica de juros da economia, a Selic, que está em 10,50% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorrerá em 17 e 18 de setembro.

Galípolo destacou que o cenário para a decisão sobre a Selic é “ainda mais desconfortável” com as projeções do mercado apontando para uma inflação acima da meta e a possibilidade de juros mais altos. Ele afirmou que, até o próxima reunião, o colegiado deve obter o "o máximo de dados" para definir a Selic.

BC não tem "sentimento perverso" de torcer contra o país

O diretor defendeu que a autoridade monetária está comprometida a perseguir a meta da inflação de 3%, com bandas que vão de 1,5% a 4,5%. Para Galípolo, as bandas "existem para amortecer eventuais choques temporários, como eventos climáticos ou um choque de oferta".

“Não há centro da meta. O BC tem de perseguir a meta de 3%, e as expectativas estão acima disso. A ata do Copom deixou bem claro que nós estamos dependendo de dados, e como eu falei, existe um rol de dados que vão ser publicados [até a próxima reunião], e as alternativas estão abertas”, ressaltou Galípolo.

Ele afirmou que a autoridade monetária não tem "sentimento perverso" de torcer contra o crescimento econômico do Brasil, mas enfatizou que o papel do Banco Central é zelar pelo controle do índice de preços, independente das projeções do mercado.

“Todos nós entendemos como um êxito a possibilidade que as pessoas possam ganhar mais dinheiro. Ninguém tem sentimento perverso de torcer pelo contrário. Mas a função [do BC] é tomar cuidado para que esses fatores não provoquem um desarranjo, que cause crescimento da demanda muito acelerado em relação à oferta e isso possa gerar algum tipo de pressão inflacionária, que vai no fim do dia corroer o ganho de poder aquisitivo que a população esteja tendo”, disse.

“A função do BC é ser o chato na festa. Quando a festa está ficando legal, pede para os outros baixarem o volume”, acrescentou Galípolo.

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