Armínio Fraga, ex-presidente do BC.| Foto: José Cruz/Agência Brasil
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O economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse que o atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, pode ser obrigado a subir a taxa básica de juros (hoje fixada em 10,5% ao ano) ao assumir o comando da instituição.

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A declaração foi dada durante entrevista concedida ao jornal O Globo, e publicada nesta quinta-feira (28)

A indicação de Galípolo para ocupar a presidência do banco foi confirmada pelo presidente Lula (PT), nesta quarta-feira (28).

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Para Fraga, a maior dificuldade que Galípolo deverá enfrentar será “a falta de apoio fiscal para a política de juros.

“A pressão [para o aumento da taxa de juros] é alta, porque não só as expectativas do (Boletim) Focus (pesquisa semanal do BC sobre as projeções), como as taxas implícitas na curva de juros também apontam para níveis bem complicados. Ele (Galípolo) vai começar numa situação bastante apertada”, afirmou Fraga.

“Hoje, os números implícitos na curva de juros são bastante elevados. Para prazos superiores a dois ou três anos, estão acima de 5%. Tem um prêmio de risco, sim, mas não é bom que esse prêmio de risco aumente muito. É um quadro difícil”, completou o economista.

Desequilíbrio fiscal

Segundo Fraga, o desequilíbrio fiscal é um problema maior do que o cenário externo, apesar da “complexidade rara” que, segundo o economista, o cenário externo enfrenta atualmente.

“O tema geral do crescimento do gasto, do Orçamento rígido, da reforma do Estado também precisa entrar em pauta. Esses dois temas, se bem resolvidos, alongaria muito os horizontes no Brasil. E poderia haver também um reforço de ajustes na regra do Imposto de Renda, que estão entrando em discussão”, disse Fraga. 

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O economista ainda criticou a falta de prioridades do governo em relação aos gastos e citou como exemplo o corte na Saúde.

“É um absurdo chegar ao ponto de querer cortar o gasto de saúde no Brasil. É de matar, literalmente”, disse.

Segundo Fraga, enquanto esse tipo de problema não for resolvido, não dá para baixar a taxa de juros na marra.

“Já vimos esse filme, não sei quantas vezes”, concluiu.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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