Nenhum representante da indústria automobilística está chateado com os resultados deste ano. Afinal, bastaram dez meses para que as vendas de automóveis superassem a marca recorde de 1997. Mas tem crescido o temor de um possível gargalo, causado pela falta de investimentos da indústria de autopeças, que não teria conseguido acompanhar a expansão das montadoras.

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Várias companhias, entre elas a Renault, tiveram problemas pontuais com atrasos na entrega de componentes em 2007, mas a percepção é que no ano que vem o transtorno pode ser maior. O presidente da marca francesa, Jérôme Stoll, admite que "será um desafio diário" contornar as limitações da indústria de peças automotivas.

"O mercado está extremamente aquecido, e ultrapassou qualquer exercício de futurologia. E a indústria brasileira está se aproximando de um gargalo, por conta do descompasso entre montadoras e autopeças", diz Benedicto Kubrusly Júnior, presidente do Sindipeças Paraná, sindicato que reúne 45 fornecedoras do setor automotivo.

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Segundo ele, o problema está mais concentrado nas autopeças paulistas, mais antigas. No Paraná, dificuldade maior é a da pequena indústria, que, pressionada pelas montadoras – que lutam para baixar os preços dos produtos –, não têm capital de giro para investir em expansão. "Em geral, as autopeças paranaenses são mais novas, se instalaram aqui junto com as montadoras e ainda têm uma capacidade ociosa para ocupar."

Benedicto destaca a necessidade de um "olhar mais carinhoso" do governo para o setor – que no Paraná já representa quase 20% do PIB industrial, na soma dos segmentos de veículos, máquinas e equipamentos. "Na década passada, essa indústria era quase inexpressiva. Mais importante é que ela é intensiva em mão-de-obra. Cada novo emprego em montadora gera 1,5 emprego em autopeça e outros dez indiretos", diz. De acordo com o executivo, cerca de 10 mil paranaenses trabalham nas montadoras do estado, e outros 15 mil estão empregados na rede de fornecedores. (FJ)