Curitiba – Os preços do gás natural veicular (GNV) e do fornecido para a indústria serão reajustados pela Companhia Paranaense de Gás (Compagás) em 9,2% a partir de amanhã. Para as residências, o gás canalizado terá aumento de 2,36%. Com o reajuste, fabricantes de louça e de cerâmica instalados em Campo Largo já estão prevendo a transferência da produção de alguns produtos para suas unidades localizadas em outros estados, onde o custo do gás é menor.

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O último reajuste da Compagás foi em maio de 2003. O aumento de 10% autorizado pela Petrobrás em janeiro deste ano foi absorvido pela empresa paranaense. Já o reajuste de 13% aplicado pela estatal, que começou a valer em 1.º de setembro, só começará a ser repassado amanhã, e em porcentuais menores. A Compagás garante que o novo aumento de 10% ,já anunciado pela Petrobrás para novembro, não será repassado para o consumidor no Paraná.

Novo preço

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Com o aumento de 9,2%, o custo do gás passará para a indústria para R$ 0,5820 (sem impostos) e R$ 0,7391 (com impostos). O custo do GNV para os postos ficará em R$ 0,76 o metro cúbico, incluindo os impostos. As residências e o comércio pagarão R$ 1,35 pelo metro cúbico considerando o reajuste de 2,36%.

O presidente do Sindicombustíveis, que representa os postos de combustíveis do Paraná, Roberto Fregonese, não soube precisar se o aumento de 9,2% do gás natural veicular será repassado na totalidade para os consumidores de Curitiba. Segundo ele, a venda de GNV é muito pequena na capital do estado em relação a outras cidades brasileiras, sendo que apenas 18 postos comercializam o produto. Fregonese lembra que a frota de veículos movidos a gás natural em Curitiba é de 14 mil, contra 1 milhão em todo o Brasil.

Preocupação

O aumento do gás fornecido pela Compagás preocupa o setor de cerâmica e porcelana de Campo Largo, que é um dos maiores usuários do combustível no estado. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Cerâmica e da Louça do Paraná (Sindilouça/PR), José Canisso, a alta do gás será repassada pelas indústrias do setor para o preço final dos produtos entre 3% e 7%. "Quanto mais tempo o produto passa nos fornos, maior será o reajuste", informa Canisso, explicando que o gás representa entre 25% e 35% do custo final dos produtos cerâmicos.

Outra preocupação do Sindilouças/PR é que, como o gás industrial terá aumento superior no Paraná em relação a outros estados, algumas linhas de produtos cerâmicos e de louças serão levadas de Campo Largo para serem produzidas nas filiais de São Paulo, Santa Catarina ou mesmo no Nordeste.

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A Incepa, por exemplo, tem unidades em São Paulo e no Nordeste. A Porcelanas Schmidt, em São Paulo e Santa Catarina. A Germer também atua em Santa Catarina. "Com a transferência da produção, o Paraná perde em arrecadação, já que a indústria pagará o imposto para o estado onde o produto é elaborado", destaca Canisso.

Fornecimento

O gás natural está disponível hoje em sete municípios do Paraná – Curitiba, São José dos Pinhais, Campo Largo, Balsa Nova, Araucária, Palmeira e Ponta Grossa. São cerca de 1,3 mil consumidores dos mercados comercial, industrial, veicular, residencial e de co-geração, responsáveis por um consumo médio de 750 mil metros cúbicos/dia do combustível, com picos no inverno de 925 mil metros cúbicos/dia. Este ano, em relação a 2004, a venda de gás natural da Compagás aumentou 73%, enquanto que o número de clientes cresceu 400%.

Segundo informações da Compagás, o setor industrial é o maior consumidor de gás natural, representando 57,9% do total. Dentro da indústria, o segmento madeireiro é o que mais consome gás, com 12% do total vendido pela companhia. Em segundo lugar está o setor cerâmico, com 10%. Na terceira posição ficam as montadoras de veículos, com 9%.