O motorista curitibano pode esperar alta nos preços da gasolina na próxima semana de cerca de 10 centavos. O preço da gasolina caiu durante duas semanas, em até R$ 0,20, atingindo um preço médio de R$ 2,48. De acordo com o Sindicombustíveis (sindicato dos donos de postos) e o Departamento Inter-Sindical de Estatítica e Estudos Sócio-Econômicos (Diesse), essa redução foi possível porque os postos baixaram suas margens de lucro, o que foi comprovado pela última pesquisa divulgada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A perda de lucro na terceira semana de março, última a ser pesquisada, foi de R$ 0,10.
O economista do Dieese, Sandro Silva, lembra que o início de mês traz um aumento no consumo de combustíveis, pois os consumidores evitam gastar no fim de mês e acabam cortando alguns passeios com o carro. Já quando começa o mês, a pessoa recebem o salário e pode encher o tanque, e os postos aproveitam para cobrar mais. "Caso o preço realmente suba, será por remanejamento das margens de lucro, pois o preço cobrado pelas distribuidoras ficou estável nas últimas semanas, em R$ 2,27", acredita Silva.
Já o preço do álcool gera dúvidas. Apesar de as margens de lucro também terem caído R$ 0,14 em média, deixando o produto com preço médio de R$ 1,98 na terceira semana de março, o mercado já está abastecido com 12 milhões de litros de álcool a mais, produzidos por dez das 27 usinas de moagem de cana do Paraná que anteciparam a colheita da safra. A antecipação foi solicitada pelo governo federal para conter a alta do álcool, que começou o ano com ameaça de desabastecimento. "Em abril teremos mais 110 milhões de litros, se não chover muito", espera o superintendente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná, Adriano Dias. O preço cobrado pelas usinas aos postos hoje é de R$ 1,26 o litro.
Outra medida governamental para conter o preço do álcool foi baixar a quantidade de álcool anidro que é adicionada por lei à gasolina, de 25 para 20%, a partir de março. "O efeito foi sentido já no início do mês", lembra Dias. A mudança fez baixar R$ 0,06 no litro do álcool e R$ 0,015 na gasolina, de acordo com o Sindicombustíveis.
O presidente do sindicato, Roberto Fregonese, enxerga a prática de dumping nas altas e baixas do mercado. "Tem posto cobrando R$ 2,23, abaixo do preço de custo", garante. Ele também acusa uma maior taxa de adulteração da gasolina pelos postos desde o início do ano.
Feriados
Assim como em início de mês, o preço dos combustíveis costuma subir antes de feriados, quando o consumo aumenta. Para o Dieese, isso deve acarretar alta em abril por conta dos feriados da Páscoa, Tiradentes e Dia do Trabalho. "É a mesma razão pela qual os preços subiram no fim de fevereiro", lembra Sandro Silva. A a margem de lucro cobrada pelos postos sobre os combustíveis ultrapassou os R$ 0,30, quando o normal é de R$ 0,20.