O preço da gasolina em Curitiba deve subir de 6 a 8 centavos nos próximos dias, caso os postos de combustíveis repassem integralmente ao consumidor os reajustes que vêm sendo sinalizados pelas distribuidoras. O aumento se deve à redução da mistura de álcool à gasolina, de 25% para 20%, em vigor desde ontem em todo o país. Como o combustível vegetal é mais barato, reduzir sua quantidade encarece a gasolina.De uma média de R$ 2,55 por litro na capital, o preço da gasolina pode subir para cerca de R$ 2,63 ainda nesta semana, o que representaria uma alta de 3%. Mesmo assim, a tendência é que o derivado do petróleo continue mais competitivo para automóveis bicombustíveis. Até ontem, o preço do etanol (de R$ 1,91, em média) equivalia a 75% do custo da gasolina que é tida como vantajosa, para os carros "flex", sempre que essa relação de preços supera a marca de 70%. Ainda que o álcool pare de subir, como espera o governo federal, a relação ficaria entre 72% e 73% ainda acima, portanto, do ponto de equilíbrio.
As estimativas oficiais indicam que a nova mistura pode provocar uma "sobra" de 100 milhões de litros de etanol por mês. A princípio, a medida vale até o início de maio. Mas esse prazo pode ser reduzido em um mês, caso a oferta e os preços do álcool se estabilizem, ou ampliado, se houver ameaça de desabastecimento. Por enquanto, a segunda hipótese é pouco provável, pois a entressafra da cana-de-açúcar termina entre o fim de fevereiro e o início de março.
Dentro do governo, cogitou-se a possibilidade de reduzir a Cide, um dos tributos da gasolina, a fim de evitar reajustes nesse combustível. Porém, a possibilidade parece ter sido abandonada pelo Ministério da Fazenda.
Questão de tempo
Nenhum dos 15 postos consultados ontem pela Gazeta do Povo havia reajustado os preços da gasolina em função da nova mistura, até porque a maioria vendia estoques comprados antes da mudança. No entanto, todos afirmaram que o aumento é questão de tempo. "A próxima carga já virá com aumento. No site da distribuidora, a gasolina já aparece 7 centavos mais cara", contou o gerente de um posto do bairro Cajuru.
"Ainda é muito cedo para estimar precisamente de quanto será o reajuste, uma vez que a medida acaba de entrar em vigor e os preços das distribuidoras podem mudar nos próximos dias", disse Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis-PR, que representa os postos do estado. "Mas, pelo menos neste primeiro dia (ontem), nós, revendedores, estamos pagando de 6 a 8 centavos a mais para as distribuidoras, e a tendência é que um aumento próximo disso chegue ao consumidor."
Fregonese lembra que o novo patamar dos preços também dependerá da tributação sobre os combustíveis, que pode ser alterada. "Ao mudar a composição da gasolina, muda-se também a composição de seus impostos. Se a Receita Estadual mexer na base de cálculo do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], que leva em conta o preço pelo qual o combustível supostamente é vendido ao consumidor, isso mexe nos preços."
Mas, ao menos pelas próximas duas semanas, a tributação tende a ser mantida, diz a Receita Estadual. "Vamos mexer, se for o caso, após acompanhar o comportamento dos preços nesta semana e na próxima", explicou o chefe do setor de substituição tributária da Receita, Lídio Franco Samways Júnior.
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Interatividade
O governo agiu certo em reduzir a mistura de álcool na gasolina e evitar o desabastecimento de etanol, mesmo que isso signifique aumento no preço da gasolina?
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