Para a maioria das pessoas, o sonho da casa própria passa pelo crédito. Mas antes de pegar as chaves os compradores precisam enfrentar a burocracia do financiamento, que pode custar o equivalente a 4% do valor do imóvel, segundo estimativa da Associação Brasileira dos Corretores de Empréstimo e Financiamento Imobiliário (Abracefi).
Assim, quem comprou um imóvel na planta por R$ 500 mil pode gastar até R$ 20 mil para bancar a burocracia, cujos custos aparecem quando o comprador vai contratar o financiamento bancário. O valor é estimado com base na soma das despesas de cartório e impostos cobrados na compra do imóvel, como taxas de registro, escritura e o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que varia conforme a cidade.
Em Curitiba, o ITBI equivale a 2,4% do valor total do imóvel. A guia de recolhimento imposto municipal é necessária para registrar o imóvel enquanto o registro não é feito, o banco não libera o valor do financiamento para a construtora.
Segundo a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) no Paraná, a maior parte das unidades que serão entregues em Curitiba neste ano está na faixa de R$ 200 mil a R$ 400 mil, com preço médio de R$ 346 mil um imóvel nesse valor terá um custo de burocracia de quase R$ 14 mil, portanto.
"O ideal seria que as pessoas conseguissem economizar esse porcentual para cobrir as despesas do processo, mas nem sempre é possível, já que a maioria costuma raspar as economias para honrar o pagamento do imóvel ainda na fase de construção", diz o presidente da Abracefi, Marcelo Prata.
Em maio, a analista financeira Bruna Wzorek e o analista de logística Bruno de Oliveira compraram, na planta, um apartamento de R$ 143 mil em São José dos Pinhais. O imóvel deve ficar pronto em junho de 2015 e, até lá, o casal que tem renda média de R$ 5 mil mensais teria de reservar o equivalente a R$ 5,7 mil. "Queremos fazer uma reserva para os custos do financiamento, mas ainda estamos apertados com a entrada e as parcelas mensais pagas à construtora", diz Bruna.
Segundo a advogada especialista em direito imobiliário Lucíola Lopes Corrêa, os cuidados devem começar na hora da compra do imóvel. Para autônomos e profissionais do setor privado, é aconselhável reservar 20% da renda para cobrir todas as despesas do financiamento. "É importante fazer o cálculo anual do financiamento e não olhar apenas a parcela mensal", diz.
Para quem chegou ao momento de contratar o financiamento sem conseguir economizar, alguns bancos incluem essas despesas no saldo total do financiamento. O problema é que, em boa parte dos casos, o mutuário precisa ter dinheiro em mãos para quitar os débitos e depois o banco reembolsa o valor, que é somado ao saldo do financiamento sobre o qual incidem juros anuais.
Entrega recorde dá impulso ao crédito
Quatro anos após o início do boom de lançamentos, em 2009, o mercado imobiliário de Curitiba vai bater o recorde de entregas de novos imóveis em 2013 14.445 novas unidades devem passar das mãos das construtoras para o mercado, segundo a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) no Paraná. O número supera as entregas feitas em 2011, 2012 e a expectativa para 2014, quando as entregas devem cair pela metade.
O crédito para financiamentos imobiliários promete crescer acima da média dos últimos anos. Responsável por 75% do mercado de crédito habitacional no país, a Caixa Econômica Federal (CEF) registrou aumento de 60% na concessão de crédito imobiliário em Curitiba de janeiro a maio deste ano em relação ao mesmo período do ano passado de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,92 bilhão.