Junior Durski, dono do Madero, vítima de um assalto e um furto nos últimos três meses: ladrão deixou bilhete sugerindo melhoria na segurança| Foto:

Restaurantes vão contratar guarda privada

A sensação de insegurança já está sendo incorporada aos gastos dos estabelecimentos. Nas contas dos empresários, só em agosto foram oito assaltos em um raio de duas quadras da Praça da Espanha. Mesmo uma delegacia da Polícia Militar, no mesmo perímetro, não é suficiente para inibir a ação dos assaltantes. Como resposta, os bares e restaurantes vão colocar em funcionamento uma guarda privada.

"Vamos criar uma associação na Rua Guttenberg para colocar guarda privada. Isso vai ter um custo de R$ 16 mil por mês, que será dividido entre os empresários e moradores", conta o empresário Bruno Vilela.

A guarda privada deve ter um custo equivalente a 4% do lucro dos estabelecimentos, mas ele não deve ser repassado aos clientes, avalia Fábio Aguayo, da Abrabar-PR. "Tem que ser visto mais como investimento do que despesa. Porque, se não for assim, o cliente que não se sente seguro vai para a concorrência, ou fica em casa."

Monitoramento integrado

Com medo dos arrastões que acontecem em São Paulo e no Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR) vai lançar um projeto que prevê um sistema integrado de monitoramento do comércio local. Segundo o presidente da entidade, Luciano Bartolomeu, uma empresa de segurança vai ser contratada para analisar as imagens de câmeras de toda a região.

Além disso, os empresários devem criar um programa de conscientização dos clientes para prevenir pequenos roubos, com recomendações desde como estacionar o carro até como deixar a bolsa na mesa do restaurante.

Segundo Bartolomeu, o projeto deve ser lançado em outubro e vai financiar, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, o treinamento de todos os funcionários dos estabelecimentos para trabalhar a prevenção de casos de violência.

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R$ 5 mil é o gasto mensal com segurança em cada um dos restaurantes da rede Madero.

Assaltos rotineiros na região da Praça da Espanha, no bairro Batel, em Curitiba, estão fazendo com que os empresários locais passem a incorporar a segurança no cardápio de custos rotineiros de bares e restaurantes. Assustados com a violência, empresários já separam parte do faturamento para investir em segurança.

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Os assaltantes são ousados. O Madero da Praça da Espanha, por exemplo, foi vítima de um assalto e um furto nos últimos três meses, durante a madrugada. Em um dos episódios, os funcionários foram rendidos no fim do expediente. Na última ocasião, o ladrão deixou um bilhete na caixa de sugestões do restaurante: "Melhorar a segurança, entrei para roubar carne e bebidas e encontrei dinheiro".

O diretor da rede, Junior Durski, conta que os prejuízos nem são tão grandes. O que revolta é a impunidade. "No ano passado foram mais de dez assaltos e a polícia não prendeu ninguém. Tenho 13 restaurantes e o custo para segurança em cada um deles, somando salários e encargos, gira em torno de R$ 5 mil por mês", conta.

Para Bruno Vilela, dono do restaurante Corrientes, faltam dedos para contar os assaltos no entorno da praça. Ele conta que seu estabelecimento já foi assaltado, bem como o vizinho de muro e o estacionamento em frente. O proprietário da banca de revistas da praça, Paulo Brandes, conta que foi obrigado a contratar um guarda para dormir lá dentro depois que as portas de vidro foram quebradas e invadidas três vezes em uma mesma semana. "Só as portas de vidro que foram substituídas custam mais de R$ 800. O prejuízo total deve ter passado de R$ 4 mil. Depois disso, vimos viaturas da polícia, mas só de tarde. À noite, quando realmente precisa, não vem ninguém", diz.

As estatísticas oficiais, porém, não mensuram essa sensação de insegurança. Pelo contrário. Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública, de janeiro a junho deste ano foram registrados 137 furtos a estabelecimentos comerciais no bairro todo, 23% menos do que no primeiro semestre do ano passado.

Uma explicação para essa queda, segundo Fá­­­bio Aguayo, presidente da Asso­­­ciação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar-PR), é a subnotificação. "O pessoal não gosta de fazer o boletim de ocorrência porque tem medo de assustar a clientela. Nós sempre recomendamos a registrar a ocorrência para entrar na estatística e chamar a atenção das autoridades", ressalta.

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Delegado propõe parceria com o comércio

A sensação de impunidade é uma constante na região da Praça da Espanha, principalmente devido à dificuldade para identificar os criminosos com base em imagens gravadas pelos restaurantes.

"Vamos colocar um sistema particular à disposição da delegacia, que confirma a identificação de uma pessoa na imagem, com base em uma foto do suspeito. Vamos propor uma parceria com o comércio, porque eles têm informações que podem abastecer o nosso banco de dados para começar um mutirão", explica o delegado Francisco Caricati, da Delegacia de Furtos e Roubos.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que, em vias públicas, os policiais do 12.º Batalhão realizam policiamento preventivo intenso. Mas a assessoria não traduziu o que isso significa em números – não mencionou quantas viaturas e policias trabalham no local, nem quantas vezes a região da praça é visitada por dia.

A PM esclarece que quando as situações ocorrem dentro dos estabelecimentos, a pessoa tem de acionar a polícia via 190, ou chamar uma viatura se ela estiver na rua, visível. Caso contrário, a pessoa deve registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.

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A população, segundo a nota, deve registrar as ocorrências para que os dados embasem as estatísticas que vão apontar quais locais necessitam de mais policiamento.