
As famílias brasileiras são responsáveis por 60% dos gastos do país com saúde. O dado consta da pesquisa Economia da Saúde, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e indica que a participação do poder público brasileiro é pequena quando comparada com a maioria dos países desenvolvidos.
O estudo também mostrou, pela primeira vez, que em 2005 as atividades ligadas à saúde geraram R$ 97 bilhões e representaram 5,3% do total da economia brasileira, respondendo pela criação de 3,9 milhões de postos de trabalho (4,3% do total).
O maior gasto feito pelas famílias com saúde foi destinado a compra de medicamentos (35%) e a despesas com laboratórios, consultas e outros serviços não hospitalares (34%). Também foram significativos os gastos com serviços hospitalares (19%) e planos ou seguros de saúde (8%).
Para Angélica Borges dos Santos, pesquisadora da Fiocruz que analisou a pesquisa, a pequena participação do poder público no gasto total com saúde destoa do padrão verificado na maioria dos países desenvolvidos.
"Em quase todos os países que fazem parte da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], o gasto das famílias com saúde é de aproximadamente 20%. Com exceção dos EUA e do México, em todas essas nações é o poder público que responde pela maior parte dos gastos. É esse o padrão que gostaríamos de ver no Brasil."
A pesquisadora comentou também outro dado que chamou sua atenção: o crescimento do setor privado de saúde. Em 2005, por exemplo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar registrava que 18,5% da população estava coberta por planos de assistência médica.
Além disso, os dados do IBGE mostram que o setor privado depende cada vez menos do financiamento público. Em 2005, o governo consumiu apenas 15% dos serviços de saúde privados.
"Na época do Inamps [Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, que deu lugar ao SUS], esse gasto chegava a dois terços do total. Isso mostra que o setor privado vem crescendo bastante nos últimos anos. Com a melhoria da renda, muita gente acaba contratando um plano de saúde, até pelo status que isso traz", diz Angélica.
Apesar do crescimento do setor privado, a pesquisa cita que o padrão de gastos das famílias com saúde ainda é desigual.
As despesas das famílias que se encontram entre as 10% mais ricas era de R$ 376 em 2003, enquanto entre as 40% mais pobres esse valor ficava em R$ 28. No caso dos mais pobres, o principal gasto era com remédios e, entre os mais ricos, planos de saúde.
Ocupações
Uma característica do setor de saúde identificado pelo IBGE é que os rendimentos dos trabalhadores são maiores em relação à média da economia. Na saúde, o rendimento médio por ano chega a R$ 15,9 mil, enquanto para o total da economia esse valor é de R$ 9,7 mil anuais. As relações de trabalho também são mais formais na saúde: 66% dos empregos são com vínculo formal. No total da economia, o porcentual é de 41%.
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