A Calle Florida, rua de compras em Buenos Aires: em alta, as despesas no exterior pressionam o déficit brasileiro| Foto: Creative Commons

Câmbio

Bancos reduzem dívida em 45%

As dívidas dos bancos no mercado de câmbio caíram em 45% entre o fim do mês passado e a última sexta-feira, para US$ 8,1 bilhões, segundo dados do Banco Central. A redução é resultado da medida anunciada pela instituição no começo do mês, que obrigou os bancos a comprar dólares para reduzir esse endividamento.

Para não serem punidos pelo BC, os bancos trouxeram recursos do exterior, o que elevou a entrada de moeda no país no mês. Foram US$ 10,9 bilhões até a última sexta, o maior volume dos últimos três meses. Para reduzir as dívidas no mercado à vista, obtidas por meio de linhas que funcionam como uma espécie de cheque especial, as instituições financeiras aumentaram seu endividamento de médio e longo prazo.

Outra medida que mostrou resultado foi o aumento do IOF sobre empréstimos no exterior com prazo inferior a dois anos, anunciado em abril. O objetivo foi reduzir as dívidas de curto prazo, que trazem mais risco em caso de uma nova crise. As captações externas caíram 73% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Os empréstimos de longo prazo praticamente dobraram, mas os de curto prazo passaram de US$ 5,3 bilhões para -US$ 4 bilhões (valores negativos significam que as dívidas venceram e não foram renovadas).

Apesar disso, o dólar continua em queda, pois a perspectiva dos investidores é que a oferta de moeda estrangeira a juros baixos no exterior continue sendo suficiente para abastecer o país. Ontem, a moeda recuou pelo sexto pregão seguido, fechando em baixa de 0,38%, cotada a R$ 1,537. É o menor patamar desde 15 de janeiro de 1999.

CARREGANDO :)

O gasto dos brasileiros com viagens internacionais atingiu valor recorde de US$ 10,2 bilhões no primeiro semestre, segundo dados do Banco Central. Isso representa um aumento de 44% em relação ao mesmo período de 2010.Essa elevação se deu apesar do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos gastos com cartão no exterior, que subiu de 2,38% para 6,38% no final de abril. O objetivo do governo era reduzir o endividamento dos brasileiros.Dados do BC mostram que os brasileiros continuam gastando lá fora. Apenas trocaram o cartão de crédito por outras formas de pagamento, como o cartão pré-pago e dinheiro em espécie, nas quais o imposto é de 0,38%.

As despesas dos estrangeiros que visitam o Brasil cresceram menos, 17%, passando de US$ 2,9 bilhões para US$ 3,4 bilhões. O resultado foi que o saldo negativo das viagens internacionais – a diferença entre o que os brasileiros gastam lá fora e os estrangeiros, aqui – aumentou 66%, atingindo R$ 6,8 bilhões no primeiro semestre.

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Esse déficit é um dos fatores que contribui para o aumento do déficit do Brasil nas suas transações correntes. O BC projeta uma diferença de US$ 15 bilhões nas viagens internacionais neste ano, o que representaria 25% do resultado negativo do país nas suas transações com o exterior.

No cômputo de todas as transações com o exterior, o Brasil acumulou um déficit de US$ 25,4 bilhões de janeiro a junho, o equivalente a 2,14% do PIB. Em valores absolutos, o número de 2011 é pior que o do mesmo período do ano passado (US$ 23,8 bilhões), mas em termos relativos o déficit ficou menor – no primeiro semestre de 2010, ele equivalia a 2,32% do PIB.

Investimentos

Um aspecto positivo da balança de pagamentos brasileira neste ano é o forte crescimento do investimento estrangeiro direto (IED), geralmente destinado ao setor produtivo. Ele cresceu quase 170% no primeiro semestre e chegou a US$ 32,5 bilhões – valor mais do que suficiente para cobrir os US$ 25,4 bilhões de déficit das transações correntes.

Por outro lado, os investimentos em ações no país caíram praticamente pela metade na mesma comparação, para US$ 3,5 bilhões. As aplicações de estrangeiros em títulos de renda fixa – cuja tributação foi elevada neste ano – também recuaram, de US$ 9,3 bilhões para apenas US$ 133 milhões.

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