O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, apresentou nesta quinta-feira (26) ao Congresso uma nova proposta de regulamentação dos mercados financeiros que confere ao governo maior poder de controlar grandes entidades e produtos financeiros mais sofisticados. Geithner explicou que a crise atual foi provocada justamente por uma regulamentação financeira "frágil e instável". Hoje foi divulgado que a economia americana caiu 6,3% no quarto trimestre de 2008, considerando a taxa anualizada, na maior queda desde 1982. Este é o resultado final do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços do país) americano, após duas leituras prévias em janeiro e fevereiro. Segundo Geithner, o momento exige "normas mais rigorosas de abertura e transparência".
Geithner quer novas "regras de jogo" para Wall Street, como controle mais severo sobre os fundos de hedge e ampliação da regulação federal das operações com derivativos. Com as novas propostas, as instituições financeiras terão de reservar mais capital para cobrir possíveis perdas e terão de elevar os padrões de administração de riscos.
Geithner defendeu ainda a necessidade de uma única autoridade reguladora nos Estados Unidos para supervisionar as grandes empresas do setor financeiro.
Os planos do secretário do Tesouro colocam grandes fundos de hedge, empresas de private equity e mercados de derivativos sob supervisão federal pela primeira vez.
"Grandes empresas interconectadas e mercados precisam estar sob um regime regulatório mais conservador e consistente", defendeu Geithner.
Ele também pediu novos padrões para as práticas de compensações de executivos no segmento financeiro. Na última semana, o anúncio de que US$ 165 milhões foram pagos em bonificações a funcionários da AIG causou revolta na sociedade americana, A seguradora já recebeu socorro de cerca de US$ 180 bilhões do governo desde 2008.
"O sistema provou ser muito instável e frágil, sujeito a crises significativas a cada poucos anos, bolhas periódicas nos mercados imobiliários e no crédito, seguidas por estouros e contrações", sustentou em discurso escrito para ser apresentado à Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA.
O Tesouro dos Estados Unidos detalhou nesta segunda um plano para a compra de até US$ 1 trilhão em ativos podres dos bancos através de parcerias público-privadas. O governo americano vai usar de US$ 75 bilhões a US$ 100 bilhões do total de US$ 787 bilhões do pacote de ajuda aprovado em outubro.