Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Petrobras, Joaquim Silva e Luna é general de reserva do Exército brasileiro e ocupou o posto de ministro da Defesa no governo de Michel Temer em 2018, mantendo-se na pasta até o início de 2019. Em fevereiro daquele ano foi nomeado diretor-geral da Itaipu Binacional, por meio de decreto assinado pelo próprio Bolsonaro.
Uma de suas primeiras providências no comando da usina foi mudar o centro de comando da hidrelétrica, antes em Curitiba, para Foz do Iguaçu. Durante sua gestão, Itaipu financiou obras estratégicas para a região Oeste do Paraná, como uma nova ponte entre o Brasil e o Paraguai, a revitalização do Aeroporto de Foz do Iguaçu e a futura duplicação da rodovia BR-469, que dá acesso às Cataratas do Iguaçu.
Silva e Luna goza de bastante prestígio junto ao presidente da República. É visto como alguém de perfil discreto e pacífico. Como militar, é um cumpridor de ordens. Uma amostra do comportamento apaziguador do general pôde ser vista no polêmico episódio dos tuítes do ex-comandante do Exército nos governos Dilma e Temer, Eduardo Villas Bôas, conforme relato da Folha de São Paulo.
Em livro recém-lançado, Villas Bôas contou que o conteúdo das mensagens postadas às vésperas do julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Lula, no Supremo Tribunal Federal, em abril de 2018, foi discutida com seus colegas do Alto Comando do Exército e tinha um teor mais contundente do que o publicado. Como ministro da Defesa, Silva e Luna teria atuado para atenuar os tuítes e retirar menções e palavras que pudessem causar um mal estar ainda maior.
Nas postagens, Villas Bôas escreveu que "repudiava a impunidade" e que os militares estavam "atentos às suas funções institucionais". Os tuítes foram interpretado na época como uma tentativa de exercer pressão sobre a Corte para que o petista não ganhasse um salvo conduto — já condenado na Lava Jato, Lula foi preso logo em seguida.
Cinco décadas de serviço militar
Natural de Barreiros (PE), Silva e Luna tem 70 anos e ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1969, sendo declarado aspirante-a-oficial da Arma de Engenharia três anos depois.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), do qual é membro do Conselho Consultivo do Centro de Estudos de Energia, o general tem pós-graduação em Política, Estratégia e Alta Administração do Exército pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Também é pós-graduado, pela Universidade de Brasília, em Projetos e Análise de Sistemas.
Durante a carreira no Exército, Silva e Luna comandou o 6º Batalhão de Engenharia de Construção (1996-1998), em Boa Vista (RR), e a 16ª Brigada de Infantaria de Selva (2002-2004), em Tefé (AM). Em Brasília, foi diretor de patrimônio (2004-2006), chefe do gabinete do comandante do Exército (2007-2011) e chefe do Estado-Maior do Exército (2011-2014). Também participou da Missão Militar Brasileira de Instrução no Paraguai e atuou como adido em Israel de 1999 a 2001.
Até a nomeação oficial na Petrobras, Silva e Luna permanece como diretor da margem brasileira da Itaipu Binacional.
Conselho de Administração da Petrobras precisa aprovar nome de Joaquim Silva e Luna
A indicação do general Joaquim Silva e Luna para assumir a presidência da Petrobras e um assento no conselho de administração da estatal foi feira pelo presidente Jair Bolsonaro em sua conta no Facebook, por volta das 19h30, após o fechamento do mercado.
O mandato do atual presidente da empresa, Roberto Castello Branco, se encerra em março. O administrador entrou na mira de Bolsonaro após declarar que não guiaria decisões da Petrobras sobre o preço de combustíveis com base em manifestações contrárias de caminhoneiros.
Na quinta-feira (18), durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente criticou duramente o reajuste anunciado pela empresa aos preços de combustíveis e afirmou que "alguma coisa" ocorreria nos próximos dias, sem entrar em detalhes.
Ele ainda fez uma ameaça indireta ao presidente da Petrobras ao citar que o comandante da estatal disse não ter "nada a ver com os caminhoneiros". Segundo o chefe do Executivo, isso teria "uma consequência, obviamente".
Nesta sexta-feira, em evento em Sertânia (PE), Bolsonaro confirmou que teriam mudanças na petrolífera. "Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobras. Jamais vamos interferir nessa grande empresa na sua política de preço, mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes", declarou mais cedo.
A indicação do nome de Silva e Luna precisa, no entanto, ter aprovação do conselho de administração da Petrobras. Bolsonaro não tem poder formal para demitir Castello Branco. A decisão cabe ao conselho, formado por membros indicados pelo governo, mas que atuam com independência. O conselho deve se reunir na terça-feira e deve discutir a troca. Mas o presidente pode destituir todo o conselho se assim desejar e indicar outros membros.
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