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MERCADO DE TRABALHO

Geração de emprego ainda resiste no interior

Linha de abate de frangos da Cooperativa Lar: crescimento e geração de empregos. | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Linha de abate de frangos da Cooperativa Lar: crescimento e geração de empregos. (Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo)

O frigorífico de aves da Cooperativa Agroindustrial Lar em Matelândia (Oeste do estado) funcionava apenas de segunda a sexta-feira. No fim de setembro, passou a operar também aos sábados, para dar conta do crescimento da demanda internacional pela carne de frango brasileira.

INFOGRÁFICO: Confira a evolução do emprego no Paraná


Com mais trabalho, aumentou o número de funcionários. Desde o início de 2014, o abatedouro contratou 1.747 pessoas, muitas de municípios vizinhos. A cooperativa não parou por aí. “À medida que cresce o abate, contratamos mais gente para as áreas administrativa, financeira, comercial e de logística, para a assistência técnica, para a indústria de rações que abastece os aviários e para a recepção dos grãos que vão virar ração”, explica o diretor-presidente da Lar, Irineo da Costa Rodrigues.

O caso do frigorífico explica por que Matelândia, com 17 mil habitantes, foi a sétima cidade que mais gerou postos de trabalho formais no Paraná neste ano – 840 de janeiro a agosto, já descontadas as demissões, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O sucesso da avicultura também está entre os fatores que fazem da Região Oeste a maior geradora de empregos com carteira assinada do estado em 2015. A atividade figura, ainda, como uma das responsáveis pelo aumento da participação do interior no mercado de trabalho.

Em 2010, quatro de cada dez novos empregos formais no Paraná eram criados na Grande Curitiba e seis, nas demais regiões. A fatia da região metropolitana da capital vem encolhendo desde então, enquanto o interior ganha terreno. No ano passado, Curitiba e municípios vizinhos ficaram com apenas duas de cada dez novas vagas. Neste ano, nem sequer estão gerando empregos: cortaram 17,3 mil em oito meses.

O interior, em contrapartida, preencheu 11,3 mil postos de trabalho de janeiro a agosto, dos quais 5 mil no abate e fabricação de produtos de carne e 2,5 mil em atividades de apoio à agricultura e pecuária. A educação infantil e o ensino fundamental aparecem na terceira posição, com 1,6 mil contratações.

Agronegócio

“O interior tem resultado melhor porque lá predominam atividades intensivas em mão de obra, como a agroindústria e a agropecuária. A região de Curitiba concentra atividades industriais mais sofisticadas, que estão sofrendo com a crise”, explica Julio Suzuki, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

A indústria foi o setor que mais demitiu neste ano, com 13,9 mil vagas cortadas em todo o estado até agosto. As fábricas de Curitiba e região dispensaram 10 mil trabalhadores, já descontadas as admissões. Nas regiões Norte, Centro-Oeste, Norte Pioneiro, Centro-Sul e Sul, também houve fechamento de vagas.

Para Pery Francisco Assis Shikida, professor de Economia da Unioeste, o bom desempenho do agronegócio está ligado ao tipo de bem que ele produz. “São produtos pouco flexíveis à variação da renda do consumidor e dos preços. É essa baixa elasticidade que segura o setor. Você pode deixar de comprar um carro, uma casa, uma série de produtos, mas não deixa de se alimentar”, diz.

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