A geração de empregos formais sofreu desaceleração acentuada no mês de julho, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. O número de postos com carteira assinada nos sete primeiros meses deste ano foi 15% menor se comparado com o mesmo período de 2010. No Paraná, o recuo foi um pouco mais fraco: -10,3%.
Em julho, o saldo de emprego admissões menos demissões foi de 140 mil vagas, 22,6% menos que as 181.796 vagas de julho de 2010, mas com expansão de 0,38% em relação a junho de 2011. O resultado fica distante do recorde para o mês (203.218 postos, em 2008).
Apesar de a desaceleração no mercado de trabalho já ser confirmada pelos índices, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mantém a projeção de que a economia brasileira será capaz de gerar 3 milhões de novos empregos no acumulado de 2011. Ele sustenta que a criação de postos no segundo semestre será maior que no primeiro. "Este ano, teremos comportamento diferente do visto no ano passado", diz o ministro, salientando que em 2010 as três esferas de governo não puderam contratar por causa das eleições no entanto, mesmo em 2011 a contribuição da administração pública no total de novos empregos é inferior a 2%.
Os últimos prognósticos do ministro erraram o alvo. No mês passado, Lupi afirmou que o saldo de julho deste ano seria maior que o de julho de 2010. Na semana passada, no Rio de Janeiro, o ministro revisou a previsão, dizendo que o resultado seria "parecido ou idêntico" ao do mesmo período do ano passado.
Cenário positivo
Para o professor do departamento de Economia da UFPR Luciano Nakabashi, ainda que o governo não atinja a meta de 3 milhões de empregos, o saldo dos próximos meses continuará positivo. "Comparar o saldo de 2011 com os números do ano passado não é uma comparação muito justa, já que 2010 foi o ano de recuperação da crise. Os números mostram que a economia brasileira ainda está em fase de expansão. Gerar empregos, ainda que em ritmo menor, é muito significativo em um contexto em que muitos países lutam para criar novas vagas e não conseguem", avalia.
O diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Júlio Suzuki, acredita que o comércio e a indústria ajudarão a criar vagas, pautados pelas vendas de fim de ano. "O crescimento mais forte no Paraná [de janeiro a julho] foi no setor de serviços, com 38,8 mil vagas, seguido pela indústria de transformação e comércio. Esses segmentos devem continuar puxando o saldo de emprego formal no segundo semestre", prevê.
Para Suzuki, os maiores riscos para o emprego estão no cenário externo com um eventual agravamento da crise e no aperto nas políticas monetária e fiscal no cenário interno. "São fatores de preocupação, mas não ingredientes recessivos. Pode haver um crescimento não tão acentuado. Mas a perda de vagas não está no horizonte", acrescenta.