Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Perspectivas

Geração de energia será mais “suja” e cara

Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo" | Divulgação/Downtown Filmes
Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo" (Foto: Divulgação/Downtown Filmes)

Apesar de todo o alarde em torno dos biocombustíveis, a matriz energética brasileira tende a ficar mais "suja" e mais cara nas próximas duas décadas, com a geração de energia hidráulica perdendo espaço para fontes não-renováveis e de custo mais alto, especialmente o gás natural. A conclusão é do ex-ministro de Minas e Energia Francisco Gomide, um dos participantes do seminário "Energia é poder", realizado ontem na sede do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), em Curitiba. O evento, que teve palestras de executivos e especialistas do setor energético, faz parte do ciclo de debates "Cenário Brasil", organizado pelo Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), com o apoio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Gazeta do Povo.

"Cerca de 85% da energia elétrica do Brasil vem de fontes renováveis. Mas, até 2030, a participação da fonte hidráulica vai cair, enquanto o gás vai ganhar espaço", disse Gomide. "O mundo vai continuar usando carvão porque não tem muita alternativa. Enquanto isso, nossa matriz vai ficar mais cara e poluente, simplesmente por nossa incompetência."

Ex-presidente da Copel e da Itaipu, Gomide lembrou que, na avaliação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao ministério de Minas e Energia, o Brasil vai precisar de uma capacidade instalada de 220 mil megawatts (MW) em 2030 – hoje são cerca de 100 mil MW. "Da nova oferta esperada pela EPE, 88 mil MW serão de novas hidrelétricas. Não sei de onde virá o dinheiro para tudo isso. Também não sei como elas serão viabilizadas. No leilão de energia do mês passado, por exemplo, só tivemos participação de termelétricas a óleo combustível", apontou Gomide.

A apresentação do presidente da Compagás (companhia que distribui gás natural no Paraná), Luiz Carlos Meinert, confirmou o cenário. Segundo Meinert, a participação do gás natural na matriz energética brasileira vai subir de 9% para 16% até 2030. Ele ponderou que, embora mais cara e poluente que a energia hidráulica, a térmica obtida do gás natural é mais "limpa" que a dos demais derivados de petróleo. Mas há um porém: a oferta de gás só deve se normalizar após 2009.

Na palestra sobre energias alternativas, o diretor de gestão corporativa da Copel, Luiz Antônio Rossafa, disse que "há muito potencial e muitos desafios" na área de fontes renováveis, principalmente em biocombustíveis e biomassa. O momento é de muita pesquisa para desenvolver e viabilizar novas tecnologias. "A grande questão é o equilíbrio entre os hidrocarbonetos [petróleo, derivados e outros fósseis] e os carboidratos [obtidos de fontes vegetais]. Certamente teremos uma forte integração entre essas duas fontes."

Segundo levantamento da Copel, se o Paraná usasse todo o bagaço de cana-de-açúcar produzido no estado e todo o potencial de energia eólica, acrescentaria 2,2 mil MW à sua capacidade de geração, hoje em 17,5 mil MW (suficiente para 52,5 milhões de habitantes).

Também participaram do seminário o engenheiro Nélson Pinto, que falou sobre grandes barragens, o diretor da comercializadora Tradener (mercado livre), Walfrido Ávila, o presidente da Itaipu, Jorge Samek (papel de Itaipu no século 21), o gerente de novos negócios da Repar, Francisco Leme (papel da Petrobrás no Paraná) e Leonam Guimarães, representante da Eletronuclear (energia nuclear). As próximas rodadas do Cenário Brasil, ainda sem data definida, serão sobre desenvolvimento urbano e meio ambiente, educação, ciência e tecnologia.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.