Copel é uma das elétricas mais expostas: hidrelétricas dependem do regime de chuvas para recuperar déficits de geração| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Associações que representam geradoras de hidreletricidade esperam concluir em breve propostas e estratégias para evitar que continuem sendo penalizadas com os altos gastos relacionados ao déficit da geração hidrelétrica. As geradoras consideram que nem todos os fatores que levaram à elevação de seus custos de curto prazo pela redução da geração hidrelétrica são de sua responsabilidade, ao contrário do que dizem representantes do governo federal, de que trata-se de um risco do negócio dessas empresas.

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Ainda há dúvidas entre as hidrelétricas sobre quais os aspectos que não devem ser considerados como risco do negócio, mas, no geral, concordam que não devem ser penalizadas pelo acionamento das térmicas. Esse acionamento é definido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para dar mais segurança ao sistema.

A Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine) levará proposta para aprovação de seus associados durante a semana. O presidente da entidade, Luiz Fernando Vianna, disse que um dos principais pontos da proposta é isentar as geradoras do impacto que a geração das térmicas fora da ordem de mérito tem nos gastos com a redução da geração hidrelétrica. Segundo ele, somente esse item representa de 20 a 30% dos gastos por risco hidrológico das geradoras.

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A forte estiagem levou o ONS a poupar reservatórios por meio da diminuição da geração hídrica, obrigando as hidrelétricas a arcarem com custo de energia de curto prazo para compensar menor geração. Cálculos do setor são de que os gastos com o déficit das hidrelétricas sejam de R$ 20 bilhões a R$ 40 bilhões no biênio 2014/15, a depender do patamar do preço de energia de curto prazo. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia (Abrage), Flávio Neiva, disse que a associação irá acompanhar a Apine.

A Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel) ainda não definiu como vai atuar, mas o presidente Charles Lenzi disse que avaliam se há outros aspectos que não deveriam ser considerados riscos do negócio. "A melhor solução seria a de entendimentos com o governo, que a gente pudesse levar nossas ideias e chegar a um consenso", disse ao ser questionado sobre possíveis ações na Justiça.

Enquanto os reservatórios das hidrelétricas não se recuperam, o que dificilmente irá acontecer no próximo período de chuvas diante do baixíssimo nível das represas, a tendência é que as hidrelétricas sigam com déficit de geração. As mais expostas ao regime de chuvas são Copel, Eletrobras, Tractebel e AES Tietê segundo analistas do Citi em relatório. Já Cemig e Cesp, que têm sobra de energia descontratada, estão mais protegidas em um cenário de estiagem.