Em abril de 2008, o executivo Ciro Possobom assumiu a direção financeira da Renault no Brasil com uma meta estranha para um mercado em ebulição: preparar o caixa da empresa para uma crise. Possobom voltava ao país após uma temporada de três anos na matriz, em Paris, onde eram mais evidentes os sinais de que a economia global se aproximava de uma fase bastante difícil. Hoje ele comemora o trabalho preventivo que ajudou a filial brasileira a passar bem pela crise e lhe rendeu o prêmio O Equilibrista 2009, entregue na última semana pela seção paranaense do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR).
"Já no fim de 2007 havia sinais na França de que a economia não ia bem. Mas quando cheguei aqui as vendas estavam altas, o que confundia um pouco o cenário. A empresa aqui não tinha preparado sua estrutura de c apital para enfrentar uma crise como essa", lembra Possobom. "Minha estratégia foi aumentar o volume de recursos em caixa p ara uma emergência e começar uma mudança na cultura de uso do caixa."
Assim, antes da fase mais aguda da crise, que começou em setembro do ano passado com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, a filial brasileira da Renault reforçou o caixa com empréstimos tomados em boas condições e focou na sincronização dos gastos com o fluxo financeiro. "Quando os juros bancários dispararam, não precisamos recorrer a bancos, o que gerou uma grande economia para a empresa", destaca o executivo.
EnvolvimentoPara encaixar os gastos no fluxo de caixa, Possobom liderou uma campanha educativa que envolveu todos os funcionários, da direção à linha de montagem. O objetivo era economizar onde fosse possível, como em viagens e estoques, e só gastar quando houvesse uma folga financeira. "Posso dizer que a geração de caixa no primeiro semestre foi muito bem, apesar da crise. Os números vão aparecer no balanço anual, em abril de 2010", diz Possobom. Com o caixa ajustado, a Renault voltou a investir no país no mercado, fala-se que será lançada uma picape derivada do Sandero.
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