O engenheiro Airton Vidal Maron assumiu ontem a superintendência da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) com fortes críticas aos antecessores nomeados pelo ex-governador Roberto Requião e com a promessa de "reconstruir" a reputação do principal terminal portuário do estado cuja imagem, segundo ele, foi manchada em todo o mundo por administrações marcadas pela "irracionalidade". Em entrevista coletiva após a posse, Maron adiantou que sua prioridade é a dragagem emergencial dos berços de atracação e, na sequência, da área de fundeio e dos canais da Baía de Paranaguá.
A dragagem dos berços do Porto de Paranaguá, já autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), deve começar entre 15 e 20 de janeiro, ao custo de R$ 2,5 milhões e duração prevista de dez dias. Segundo o novo secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, essa obra foi poupada da moratória de 90 dias decretada anteontem por seu irmão, o governador Beto Richa.
Na sequência, a intenção é remover os detritos acumulados nos últimos anos no Canal da Galheta, que dá acesso à baía, e na área de fundeio, onde os navios esperam autorização para atracar. Mas, antes de iniciar as dragagens, orçadas em R$ 150 milhões, a Appa ainda depende da licença ambiental de operação definitiva, esperada para os próximos meses. "A expectativa é iniciar as dragagens no primeiro semestre", disse Maron.
Com o desassoreamento, os navios poderão deixar Paranaguá com carga plena, o que não ocorre hoje. De acordo com o ex-superintendente Mário Lobo Filho, presente à posse do sucessor, os navios poderão deixar o porto carregando pelo menos 70 mil toneladas, 10 mil toneladas acima da atual limitação. A remodelação do cais comercial e a construção do cais oeste, que estão orçadas em R$ 95,8 milhões e também aguardam a licença ambiental definitiva, também estão nos planos. O caixa atual da Appa, segundo Lobo Filho, é de aproximadamente R$ 440 milhões.
Funcionário da Appa desde 1980, Maron exerceu vários cargos técnicos na autarquia. De abril a dezembro de 2010, foi diretor de Engenharia, durante a curta gestão de Lobo Filho, superintendente nomeado pelo ex-governador Orlando Pessuti. Segundo Maron, sua nomeação rompe com "o antigo e recorrente círculo de nomeações de dirigentes que nunca tiveram qualquer vínculo com a atividade portuária", que já durava 28 anos.
"Foram muito difíceis os penúltimos tempos, talvez os piores já vividos pela comunidade portuária de Paranaguá. Temos de recuperar os anos perdidos", afirmou o superintendente. "A melhor administração portuária é aquela que menos atrapalha e que mais facilita. Não permitiremos comportamentos fundamentalistas nem aventuras", disse Maron, mencionando em seguida as "guerras" travadas nos últimos anos "contra transgênicos, autoridades constutuídas ambientais, inclusive e contra as necessárias dragagens". "Chegou a hora da reconstrução. Temos de estar à frente das necessidades, senão perdemos espaço e outros terminais vão ocupá-lo, como Santos, Itajaí, Navegantes e, agora, Itapoá."