Nos últimos dez anos, a chinesa Trinasolar acumula 19 recordes mundiais no quesito taxa de eficiência dos painéis de energia solar. O momento não poderia ser mais apropriado para a empresa usar o diferencial tecnológico e tentar ganhar espaço no Brasil: o país vive uma corrida de consumidores atrás de painéis solares para fugir dos sucessivos reajustes das tarifas de energia elétrica. Por causa da seca nas principais bacias hidrográficas, a conta de luz deste mês de julho terá tarifa amarela, ou seja, haverá cobrança adicional de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
A forma encontrada pelos chineses para aterrissar no país foi através de parceria com a empresa Aldo Solar, de Maringá (PR), que trabalha com uma rede de 13 mil revendedores e instaladores. “Devido ao nosso perfil conservador, talvez tenhamos entrado um pouco tarde no mercado brasileiro. Até o ano passado, nosso market-share era muito pequeno, cerca de 1%. Mas a previsão é de passarmos para 20% ainda neste ano”, diz o diretor-geral para a América Latina da Trina Solar, o espanhol Álvaro García-Maltrás.
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Ainda que pouco expressivo – representa apenas 1,2% da matriz energética brasileira – o mercado de energia fotovoltaica está em ebulição. Em apenas um ano, a capacidade dos painéis instalados no país dobrou de tamanho, de 1,2 gigawatts para 2,4 gigawatts. Segundo o Portal Solar, especializado em energia fotovoltaica,10 mil empresas já atuam no segmento brasileiro de energia solar e outras 500 são incorporadas a cada mês. Uma pesquisa feita pelo portal no primeiro semestre, com 1500 empresas, mostrou que grande parte delas, 41,2%, está no mercado há menos de um ano.
Eficiência de 19,7%
Com a parceria local, a chinesa Trinasolar quer popularizar no Brasil o uso de painéis com células feitas de um único cristal de silício, enquanto a maior parte do mercado ainda opera com produtos policristalinos – células produzidas com vários fragmentos de silício fundidos. Na prática, segundo Aldo Teixeira, presidente da Aldo Solar, os painéis chineses produzem 9% mais energia do que os concorrentes. García-Maltrás destaca a eficiência de quase 20% na taxa de conversão de energia. “Esse tipo de eficiência já é alcançável de forma residual, mas a Trina faz isso em larga escala”, assegura.
Além de favorecida pelo preço elevado da energia elétrica convencional – quanto mais cara a conta de luz, mais viável o painel solar – a energia fotovoltaica tem se tornado mais competitiva graças aos avanços tecnológicos. “Hoje um módulo voltaico custa 10% do que custava há 10 anos. A forma de continuar a reduzir os custos é ter mais eficiência. Menos números de módulos, menos estruturas, menos cabos, menos tempo de instalação. É nesse sentido que trabalhamos. Maior eficiência possível com um menor custo”, sublinha García-Maltrás.
A participação da energia solar na matriz energética brasileira, de 1,2%, ultrapassou neste ano o volume produzido pelas usinas nucleares de Angra I e II, no Rio de Janeiro. E o ritmo segue acelerado. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) prevê que a capacidade instalada deverá ter um salto de 44% neste ano, chegando a 3,3 gigawatts.
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