A maior produtora de petróleo da Rússia e uma das maiores petroleiras do mundo quer aumentar a atuação no Brasil a partir deste ano. Por meio da TNK-BP - que foi adquirida há um mês e já tinha presença no mercado brasileiro -, a estatal russa Rosneft já está se articulando para fazer acordos de cooperação e comprar participações em projetos exploratórios no País.

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A companhia está apostando suas fichas nas parcerias, porque não chegou a se habilitar para a 11ª rodada de licitações de áreas exploratórias da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), prevista para maio. Segundo o vice-presidente sênior de exploração da TNK-BP, Chris Einchcomb, a decisão de não participar do leilão está diretamente relacionada à mega aquisição da empresa pela Rosneft - transação que começou em outubro e foi finalizada apenas no dia 21 de março.

"Por causa da aquisição, seria impossível termos a aprovação na pré-qualificação para a rodada de maio. Então, decidimos não participar como candidatos", diz Einchcomb. "Mas isso não nos impede de assinar acordos de cooperação com outros para participar como investidores, como fizemos com a HRT."

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A TNK-BP entrou definitivamente no Brasil em 2011, ao comprar por US$ 1 bilhão uma participação de 45% nos ativos da petroleira brasileira HRT na bacia do Rio Solimões. A transação fez da multinacional uma parceira da HRT sem que ela precisasse ser dona da empresa. É esse modelo que os russos pretendem repetir daqui para frente.

Segundo Einchcomb, a petroleira já fez contatos com duas empresas habilitadas para o leilão e poderá conversar com "mais uma ou duas". Os acordos não precisam ser firmados antes do leilão, mas dariam força aos participantes habilitados. "Há várias oportunidades de fazermos acordos de cooperação, seja com nosso parceiro atual, a HRT, seja com outras companhias", afirmou Einchcomb, na terça-feira, 23, durante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no escritório da TNK no Rio, onde, na semana passada, foi realizada uma reunião com funcionários da ANP. O escritório fica no mesmo prédio onde está a sede da HRT, em Copacabana.

O executivo destacou a importância de investir no Brasil: "Se você quer ser uma grande companhia de petróleo e gás no mundo, você não pode ignorar o Brasil." Por isso, a companhia russa também está de olho nas duas outras rodadas de leilões previstas para o segundo semestre deste ano - uma somente para exploração de gás e outra para áreas no pré-sal. "Ainda podemos nos pré-qualificar se quisermos", diz Einchcomb, destacando que a ANP ainda não definiu um cronograma para a pré-qualificação.

Antes da aquisição, os atuais projetos da TNK no Brasil eram destaque na atuação internacional da antiga joint venture da British Petroleum (BP) com investidores russos - comprada pela Rosneft por US$ 16,7 bilhões em dinheiro e 12,8% em ações da petroleira russa de controle estatal. A Rosneft mantém acordos de cooperação com as petroleiras Exxon, Statoil e Eni.

Gigante

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Agora, a operação brasileira faz parte de um portfólio que inclui operações nos Estados Unidos, na Noruega, na Argélia, na Venezuela e no Vietnã. A produção fora da Rússia, porém, é pequena. A Rosneft produziu, em média, 2,702 milhões de barris de óleo equivalente por dia em 2012, na soma de petróleo e gás, acima de toda a produção brasileira, em aproximadamente 2,3 milhões de barris por dia.

Segundo Einchcomb, o foco principal da TNK no Brasil é investir em projetos exploratórios, menos como operadora, ou comprando fatias em empresas já estabelecidas. "O que estamos procurando no momento é mais investir em projetos, mas se boas oportunidades surgirem do ponto de vista de (investir em) companhias, por que não considerar?"

Um dia após as ações da OGX, petroleira do grupo EBX, do empresário Eike Batista, subirem na esteira de rumores de que outra petroleira russa, a Lukoil, poderia comprar uma fatia da empresa, Einchcomb negou interesse específico por qualquer empresa brasileira. "O mesmo (desvalorização das ações) aconteceu com nosso parceiro, a HRT. Todos viram a queda dramática nas ações e disseram que deveríamos comprar uma fatia na HRT. Queremos participar nos projetos. Não precisamos ser donos da HRT." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.