Rio de Janeiro Durante a turnê 2007 de Gilberto Gil, batizada não por acaso de Banda Larga, o virtual e o real se misturam em localidades como Palermo, Taormina, Perugia e a Ilha Expresso 2222. Ops... Ilha Expresso 2222? Onde é que fica isso? Pois é. Gil comprou uma ilha no universo 3D Second Life e, nesse ambiente totalmente inovador, também fará shows. De quebra, a turnê ainda ganhou um site e um blog que conta o dia-a-dia da equipe e para o qual os fãs podem enviar mensagens, fotos e acompanhar o dia-a-dia frenético do tour que está passando por sete países da Europa e chegará no Brasil logo depois. Enquanto isso, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, está dando uma descansadinha.
A experiência de troca de Gil (o cantor) com os fãs não fica só no Second Life. Para abastecer a internet e todos os novos "veículos" de comunicação como YouTube, Second Life, website, blog e fotolog Gil levou "na bagagem" uma equipe de webjornalistas e especialistas em criação de conteúdo para a internet, celulares de última geração, câmeras digitais e equipamentos sem fio para facilitar o transporte entre um país e outro. O cotidiano da equipe inclui filmagem dos shows e de depoimentos de fãs (além de entrevistas com o próprio Gil), fotos digitais e, claro, muita banda larga para a transposição de todo este material para a internet.
"Não há limite para a Banda Larga (a tecnologia e o nome da turnê). A intenção é publicar tudo o que seja conteúdo. E o bom disso é que Gil, Flora (esposa dele), Gilda (assessora de imprensa) e todos os músicos entenderam muito facilmente que tudo é conteúdo. Mostramos os bastidores da turnê, os ensaios, as músicas inéditas. Tudo sem nem precisar perguntar: Posso filmar?. É ligar o celular, filmar e pronto", conta Christian Rôças, webjornalista que tem, sob sua responsabilidade, a transposição de todo esse material para a rede mundial de computadores. Cabe a ele também a criação do avatar de Gilberto Gil, ainda em fase de aprovação.
E o cantor parece mesmo ter captado o espírito da Web 2.0, aquela em que o internauta também quer criar seu próprio conteúdo. Não à toa, logo no começo de cada apresentação, ele sugere ao público: "Por favor, liguem seus celulares, fotografem, filmem, gravem suas canções favoritas e usem como ringtone". Gilberto Gil é dos mais engajados defensores das licenças Creative Commons (idealizadas para permitirem o compartilhamento gratuito de informações e conteúdos). "As Creative Commons são licenças dadas pelos autores através de meios diretamente eletrônicos", explica.
A turnê Banda Larga também é uma forma de mostrar uma identidade "cross media" do cantor/ministro, que tem militado bastante pela liberdade no ciberespaço.
Universo virtual
O fechamento da turnê do cantor/compositor/ministro será no Second Life. Para esse terreno virtual, a equipe criou "machines" com perucas rastafári semelhantes ao cabelo de Gil, a serem distribuídas gratuitamente para os avatares. Também foi criada uma jukebox com músicas para downloads legais de algumas músicas.
Além disso, os shows podem ser acompanhados através do site www.gilbertogil.com.br, assim como o making of, disponível no blog da equipe, que fica no mesmo endereço. "No mundo real é o que já sabemos. Reproduz-se um processo que já vem de anos. Subimos ao palco, as platéias se aglomeram e aglutinam, acendem-se as luzes, abrem-se os alto-falantes e a interação é o show, a música. Isso é o que sempre foi", conta Gil, com sua peculiar eloqüência. "O ciberespaço é a novidade. Somos nós produzindo outros conteúdos, outras interatividades, aproveitando a microcolaboração dos indivíduos e convidando todos para participarem. É fotografia anônima, o clipe anônimo que vêm. É um resgate do anônimo para o autoral. Todos são autores. Todos assinam. É uma quantidade enorme de nomes e pessoas que participam." Ou não...
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