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Nesta terça-feira (17), a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) por conta da divulgação da ata da última reunião em que o Comitê revelou preocupação com a inflação prolongada.
O Copom também demonstrou preocupação em relação à responsabilidade fiscal do governo, às expectativas “desancoradas” e à resiliência da atividade econômica, o que pode exigir uma política monetária mais restritiva nos próximos meses.
Ao reagir à divulgação do documento em uma publicação no X, Gleisi disse que “quem está ‘desancorado’ da realidade é o Copom do BC”. O Copom elevou em 1 ponto percentual a taxa básica de juros, passando para 12,25%
“A ata divulgada hoje é um tapa na cara da população e dos setores produtivos da economia, que não podem conviver por mais tempo com os maiores juros reais do planeta. Essa é a irresponsabilidade de que falou o presidente Lula”, escreveu Gleisi.
A parlamentar ainda criticou a autonomia do Banco Central e acusou o mercado de “sequestrar a política econômica” do país.
“A ata é uma carta de sequestro da política econômica do governo, que o mercado quer impor, via BC ‘autônomo’, exigindo cortes e medidas contracionistas. Quem não tem credibilidade nenhuma são as tais expectativas dos agentes consultados pelo BC, que erraram todas as suas previsões catastrofistas sem perder a arrogância jamais”, disse Gleisi.
“Definitivamente, o Brasil precisa de uma nova política monetária, com novos instrumentos de avaliação do cenário econômico, mais realistas e eficazes, que não se curvem às chantagens e ao oportunismo financista”, completou.
Decisão do Copom
O aumento da Selic foi aprovado por unanimidade entre os nove diretores do Banco Central, incluindo o atual presidente Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), e por Gabriel Galípolo, indicado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que assume o comando da autoridade monetária em janeiro.
De acordo com a ata da reunião, o cenário atual se tornou mais adverso em relação à última reunião, com riscos inflacionários se materializando e exigindo uma resposta firme.
O Copom aponta que a deterioração do quadro fiscal, a resiliência do mercado de trabalho e a elevação das expectativas reforçam a necessidade de manutenção de uma política monetária contracionista.
Segundo o Comitê, o cenário atual sinaliza a necessidade de novos ajustes na Selic para conter as pressões inflacionárias e ancorar as expectativas do mercado.
Ata do Copom refletiu no dólar
Também motivado pela divulgação da ata do Copom, o dólar abriu em alta nesta terça e chegou ao patamar de R$ 6,157, uma alta nominal recorde.
De acordo com o Copom, a alta do dólar e a percepção dos agentes sobre o pacote fiscal influenciaram na decisão de aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, diz um trecho da ata.