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Gleisi Hoffmann
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann| Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou a discussão levantada pela equipe econômica do governo Lula sobre a desvinculação de aposentadorias do INSS da política de aumento real do salário mínimo e disse que se o governo tiver de escolher, é melhor mudar o marco fiscal.

Com histórico de discordâncias com a equipe econômica do governo Lula, Gleisi é contra a ideia de que é preciso fazer tudo para cumprir o arcabouço fiscal, que foi criado pelo próprio governo.

“Entre mexer na vinculação do salário mínimo e mudar o arcabouço, tem de mudar o arcabouço. Simples assim”, afirmou Gleisi ao jornal Estado de S. Paulo (Estadão), nesta segunda-feira (19).

Discussão sobre desvinculação gerou mal-estar no governo

O tema da desvinculação das aposentadorias entrou em discussão em junho deste ano, quando a ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu a ideia durante audiência pública sobre o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025.

Um mês antes, a ministra chegou a afirmar que o país não conseguiria estender por muito tempo a política de valorização do mínimo à aposentadoria e outros benefícios, como Benefício de Prestação Continuada (BPC), seguro-desemprego e abono salarial.

De acordo com a ministra, nos últimos 10 anos o custo da União com o pagamento desses benefícios foi de R$ 1,2 trilhão.

“Teremos de cortar o gasto público pela convicção ou pela dor”, disse Tebet à época. 

As declarações de Tebet geraram um mal-estar no governo e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu que a ideia de desvinculação das aposentadorias não está em estudo.

Em seguida, Tebet voltou atrás e disse que a desvinculação não seria uma medida positiva porque, segundo a ministra, seria “tirar com uma mão para dar com a outra”.

De acordo com Gleisi, a discussão só se encerrou por ordem do presidente Lula (PT).

Apesar da intervenção de Lula, o tema voltou a circular por conta da pressão causada pelo corte previsto no Orçamento do ano que vem.

Em julho deste ano, o governo anunciou o corte de cerca de 680 mil pagamentos de benefícios pagos pelo INSS. O objetivo seria o combate a fraudes e irregularidades para liberar espaço no Orçamento da União.

Gleisi também se opõe à autonomia do Banco Central

A presidente do PT também se posicionou do lado oposto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando o assunto é autonomia do Banco Central. 

O tema já está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Haddad já disse ser favorável à autonomia financeira do BC em setores como tecnologia e qualificação de funcionários, mas afirmou ser contrário a transformar a instituição em empresa pública.

“Eu espero que não tenha nenhuma negociação e que essa PEC não prospere. Acho até uma coisa engraçada, vinda do Campos Neto”, disse Gleisi ao Estadão em referência ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“O arauto do fiscalismo, que impõe juros pesadíssimos ao Brasil, quer livrar a instituição que ele preside do ajuste fiscal. Se aprovada essa PEC, lá vão poder ganhar mais, gastar mais. E o resto do Orçamento como fica? Pode desvincular o salário mínimo da Previdência, cortar universidade que não tem problema? É uma contradição, um absurdo”, completou Gleisi.

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