A poucas semanas de ter uma decisão histórica sobre decretar ou não uma concordata nos Estados Unidos, a General Motors confirma um novo plano de investimentos de mais de US$ 500 milhões para o Brasil, terceiro maior mercado mundial do grupo, atrás da China e do próprio EUA. O dinheiro será aplicado em uma nova família de veículos cujo desenvolvimento está sendo liderado por engenheiros do País.
Uma outra família de veículos, batizada de Viva, fará sua estreia no fim de setembro, provavelmente com um modelo compacto, futuro substituto do Corsa. Uma picape pequena e um utilitário esportivo para competir com o Ford EcoSport também devem fazer parte dessa linha. Na família que ainda está no forno haverá outro modelo compacto e sedãs, com chegada prevista a partir de 2012.
"Todo o investimento virá de recursos próprios", afirmou o presidente da GM do Brasil e Mercosul, Jaime Ardila. Segundo ele, a subsidiária brasileira está imune a qualquer decisão que a matriz tome nas próximas semanas, seja a de concordata ou de continuidade de uma reestruturação com aval do governo americano, credores e sindicato dos trabalhadores.
Segundo o executivo, "em nenhum cenário a subsidiária brasileira será envolvida". Em caso de concordata - opção mais defendida por analistas e alguns membros do governo Obama -, legalmente só a operação americana será incluída no processo. A justiça americana não pode sequer acionar o Brasil como parte dos ativos da companhia para cobrir qualquer dívida local. O governo deu prazo até 1º de junho para a definição, mas os executivos da companhia acreditam que em duas semanas já terão uma resposta.
Nova linha
Montadora que mais perdeu em participação de mercado e em porcentual de vendas neste primeiro trimestre no Brasil, a GM tentará reverter o quadro com os veículos que fazem parte das duas novas famílias que vão promover uma renovação completa da linha de produtos da marca.
Mesmo com recursos próprios para o novo investimento, a GM brasileira precisou do aval da matriz para o novo projeto. A operação local, disse Ardila, segue lucrativa, apesar da queda das vendas. No primeiro trimestre, a marca vendeu 9% menos que em igual período de 2008, em um mercado que cresceu 4%. Sua participação no segmento de automóveis e comerciais leves caiu de 21,9% para 19,2%.
O novo aporte de mais de US$ 500 milhões será aplicado até 2012 nas três fábricas brasileiras - São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS) -, disse Ardila. Parte do montante será gasto no centro tecnológico e no campo de provas de Indaiatuba (SP).
Já o projeto Viva, incluído no programa de investimento de US$ 1,5 bilhão que se encerra em 2010, envolve também a fábrica da Argentina, que iniciará antes do Brasil a produção do primeiro modelo - que será apresentado em setembro para início de vendas em outubro.
Segundo fontes do mercado automobilístico, a plataforma do Viva tem elementos das bases do Classic e da atual linha Corsa. Aos poucos, os novos modelos deverão substituir as versões atuais do Corsa (hatch, sedã e picape Montana). Num primeiro momento, haverá convivência entre ambas linhas.
A GM não trabalha com a possibilidade de uma segunda prorrogação do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O prazo para que a alíquota volte ao normal é 1º de julho.
A direção da GM acredita que o mercado brasileiro deve encerrar o ano com queda de 15% em relação aos resultados recordes do ano passado, atingindo perto de 2,4 milhões de veículos.