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Indústria automobilística

GM do Brasil está protegida da crise dos EUA, diz montadora

Linha de produção do Chevrolet Corsa | Divulgação
Linha de produção do Chevrolet Corsa (Foto: Divulgação)

Enquanto o presidente-executivo da General Motors, Rick Wagoner, defende a ajuda financeira do governo dos Estados Unidos para a indústria automobilística local, o presidente da General Motors do Brasil (GMB) e Mercosul, Jaime Ardila, tenta acalmar os ânimos no país e pede autorização da matriz para a liberação de US$ 1 bilhão em investimentos. Ardila declarou, nesta segunda-feira (17), que apesar de a GMB ser uma subsidiária e ter de enviar recursos para a matriz, a empresa possui independência financeira da corporação.

"Qualquer que seja o cenário, não há dependência financeira com a matriz nos Estados Unidos. Temos recursos suficientes para financiar nossos investimentos", ressalta Jaime Ardila, ao reforçar que não foram cancelados os investimentos na fábrica de motores em Joinville (SC) e no Projeto Viva – que traz uma nova linha de veículos, entre eles, o sucessor do Corsa que chegará no ano que vem. "Continuaremos a injetar no Brasil os US$ 1,5 bilhão já anunciado, que inclui também novos dois produtos na fábrica de São José dos Campos."

Os planos da GMB até 2012 levam em conta o bom desempenho do mercado nacional, apesar do desaquecimento notado a partir de outubro deste ano. Segundo Ardila, a previsão de faturamento para 2008 foi revista para baixo: de US$ 11 bilhões para R$ 9,5 bilhões. Apesar disso, a montadora espera que a situação do crédito no país se regularize até o segundo trimestre de 2009. De acordo com Ardila, as unidades brasileiras estão entre as mais rentáveis da GM.

Demissões

A estratégia da General Motors do Brasil para controlar a produção nacional é manter os estoques abaixo dos 30 dias, para não sobrecarregar as concessionárias. A medida é conseqüência da redução da demanda brasileira. Entretanto, Ardila ressalta que isso não significa demissões em curto prazo.

Para controlar a produção, a montadora antecipou as férias coletivas nas fábricas. Nesta terça-feira (18), os funcionários da unidade de São Caetano voltam ao trabalho. Já os trabalhadores das unidades de Gravataí (RS) e São José dos Campos (SP) iniciaram o período de férias nesta segunda.

Além disso, os contratos temporários para a formação do terceiro turno vencem em abril de 2009, o que abre espaço para a GM redefinir a produção. "Vamos esperar até 2009 para tomarmos alguma iniciativa em relação a demissões. Tudo vai depender do mercado brasileiro", observa.

Sobre um possível PDV (Plano de Demissão Voluntária) ainda este ano, Ardila não fala em datas, mas afirma que todo ano a GM faz um plano para atender os funcionários próximos à aposentadoria ou com problemas de saúde. Os PDVs são uma das ferramentas utilizadas pela indústria para reduzir custos, já que a demissão voluntária vem acompanhada de benefícios aos funcionários próximos da aposentadoria, que possuem salários mais altos pelo tempo de serviço.

Projeções

Com os recentes anúncios dos governos estadual e federal de liberação de crédito para a indústria automobilística – ambos no valor de R$ 4 bilhões -, Jaime Ardila acredita na recuperação do mercado interno. Segundo ele, o mês de novembro deve fechar com 200 mil unidades vendidas. Se o ritmo se mantiver em dezembro, o mercado total no ano fechará em 2,850 milhões de veículos.

A expectativa é de que somente a GM venda 575 mil unidades, crescimento de 15% sobre o ano anterior. A marca é a terceira em vendas no país, atrás da Volkswagen e da Fiat.

Baseado neste patamar, o presidente da GMB trabalha com dois cenários para 2009: o conservador, com um mercado de 2,6 milhões de unidades, e outro otimista, de 2,9 milhões de unidades. Em suma, a GM se prepara para a queda da demanda, já que na visão de Ardila o quadro mais otimista será de um tímido crescimento em relação a 2008 – ou até mesmo a estabilidade.

Concordata é descartada

No que se refere às mudanças estratégicas nos EUA, o executivo reforça que a matriz não tem a intenção de declarar concordata como uma ajuda para a reestruturação da empresa. "Mesmo se o governo dos EUA não ajudar a indústria automobilística, a GM ainda tem como enxugar custos devido aos novos acordos com os sindicatos, que reduzem gastos com saúde e aposentadoria. O impacto disso será sentido até 2010", explica.

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