A General Motors lançou no Brasil um projeto piloto de compartilhamento de carros, ou car-sharing, como é conhecido globalmente. O programa consiste em ter uma frota de veículos da marca que pode ser alugada por hora, por exemplo, para um trajeto da casa ao trabalho do usuário.
O programa, chamado de Maven, foi lançado pela companhia nos Estados Unidos em janeiro e o Brasil é o segundo país a adotá-lo. “Não estamos assistindo só de longe ao debate sobre mobilidade; estamos sendo atores”, diz o vice-presidente da GM, Marcos Munhoz.
Em fase de testes desde março na fábrica de São Caetano do Sul (SP), só para funcionários, o programa tem 800 inscritos, dos quais 220 já alugaram carros, inclusive em fim de semana.
Por enquanto, apenas sete unidades do Cruze estão disponíveis, todas equipadas com o sistema multimídia Mylink. Por meio dele, o usuário pode baixar programa no celular para fazer a reserva e também destravar e travar a porta do carro. A chave fica no interior.
O formato de compartilhamento no teste permite ao usuário pegar e devolver o automóvel no mesmo local, nesse caso a fábrica. O próximo passo, previsto para o fim do ano, é iniciar o serviço em um grande condomínio de São Paulo, informa o presidente da GM, Santiago Chamarro, com dez carros.
Em outra etapa, o formato permitirá a retirada ou entrega de veículos em pontos específicos da cidade – a exemplo do que ocorre com as bicicletas em São Paulo (o Bike Sampa).
“Para isso será necessário fazer parcerias com as prefeituras para obter vagas específicas para os carros”, ressalta Samuel Russel, diretor dos programas OnStar e Marven da GM. Também são possíveis convênios com redes de estacionamento.
A terceira etapa é adotar o sistema existente na Europa, em que o usuário pode pegar e entregar o carro em qualquer parte da cidade. Até chegar a essa fase, explica Russel, será preciso ter um cadastro com número compatível de usuários e áreas em que são viáveis o procedimento.
Valores
No projeto piloto em São Caetano, o usuário paga R$ 35 por hora de uso do carro ou R$ 210 pela diária, valores que incluem combustível e seguro.
Exemplo da vantagem dessa locação, segundo Russel, é o valor da corrida de São Caetano ao aeroporto de Guarulhos, que em táxi comum sai por cerca de R$ 140. No car-sharing sai por R$ 70, levando-se em conta uma hora para ir e uma para voltar.
“Muitas pessoas também vão querer dirigir diferentes modelos apenas para conhecê-los melhor”, diz Chamorro. Ao longo do tempo a GM pretende incluir no Maven toda sua gama de produtos, do compacto Onix ao luxuoso Camaro.
Ameaça
Nos EUA, a GM tem outros programas de mobilidade, como a parceria com a Lyft, concorrente do Uber, para o desenvolvimento de uma rede de automóveis autônomos. A montadora vai investir US$ 500 milhões no projeto.
As iniciativas da GM usam como base pesquisa global mostrando que 37% dos donos de carros atualmente abririam mão da propriedade do veículo se houvesse outras soluções para a locomoção, sem incluir o modelo tradicional de transporte. Dos entrevistados, 55% acham que as opções de mobilidade hoje são insuficientes.
Russell afirma que a GM não teme que o aumento de programas de compartilhamento seja uma ameaça ao negócio da marca. A visão é de que haverá uma transferência de vendas para empresas frotistas que prestarão os serviços.
São Paulo já tem, desde 2012, uma empresa de compartilhamento que atua no centro expandido de São Paulo. A Zazcar tem hoje frota própria disponível em 50 pontos da cidade.
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