A Gol espera algum tipo de compensação financeira da Boeing após ter de suspender as operações com sete 737 Max 8, a espinha dorsal do processo de modernização e expansão da maior empresa aérea brasileira em share no mercado doméstico. A declaração foi feito pelo presidente da empresa, Paulo Kakinoff, durante workshop para jornalistas em São Paulo.
A expectativa do executivo está baseada no bom relacionamento que a Gol mantém com a fabricante americana de aviões. A empresa aérea tem uma encomenda de 135 Boeings 737 Max para serem entregues até 2028. “Temos ansiedade para que os aviões voltem a voar o quanto antes”, diz Kakinoff.
Os voos com o Max 8, usado principalmente em rotas internacionais, foram suspensos em março, após o modelo registrar dois acidentes, logo após a decolagem, em cinco meses. Um deles foi na Indonésia, com um avião da Lion Air, e outro na Etiópia, com uma aeronave da Ethiopian Airlines. Juntos, causaram 346 mortes.
A empresa aérea brasileira foi uma das primeiras do mundo a suspender os voos com o Max 8, antes mesmo da solicitação da Boeing e da decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Os aviões estão em processo de recertificação por parte dos órgãos reguladores norte-americano e europeu. “Tecnicamente, os processos de aprimoramento desenvolvidos pela Boeing colocam o 737 Max entre os modelos mais seguros do mundo. Nunca um modelo foi tão escrutinado quanto este.”
O diretor de segurança operacional da Gol, Danilo Andrade, enfatiza que nos poucos meses em que o modelo esteve em operação não foram registrados problemas. Foram cerca de 14 mil horas em 3 mil voos. “O Max é mais seguro do que os NG (seus antecessores).”
Um dos argumentos que reforçam a confiabilidade do modelo, de acordo com Andrade, é a capacidade de monitoramento dos parâmetros de voo. Nos 737 NG, que constituem a base atual da frota, são monitorados 1.500 parâmetros de voo. No 737 Max, esse número salta para 4 mil, em períodos que variam de um a 15 segundos.
Alternativas da Gol para a temporada
A empresa não espera contar com a volta dos aviões para a alta temporada, que começa em dezembro. A frota vai ser reforçada com 737 NG que estão vindo da Europa. Um dos fornecedores é a empresa aérea Transavia, pertencente ao grupo Air France-KLM, que, na semana passada, reforçou sua parceria com a Gol por mais cinco anos.
Atualmente, a empresa tem 137 aeronaves em sua frota, dos quais 130 são 737 NGs, dos modelos 700 e 800. São 60 destinos nacionais e 16 internacionais atendidos.
*O jornalista viajou a convite da Gol Linhas Aéreas.