Depois de um ano e meio de dificuldades para reerguer a Varig, a Gol voltou atrás em seu plano inicial e desistiu de ter duas marcas com características e públicos diferentes para disputar o mercado aéreo brasileiro.
A companhia vai adaptar todos seus vôos domésticos a um mesmo padrão que, embora vá incluir mais serviço de bordo e programa de milhagem, permanecerá bem mais próximo do modelo da Gol.
Aos poucos, o nome Varig desaparecerá nos vôos nacionais e será mantido apenas em certas rotas na América do Sul. Nos vôos domésticos, a Gol fará mudanças pontuais na tentativa de atrair os passageiros eventualmente descontentes com o modelo de serviços da empresa.
Nas rotas com mais de duas horas de duração, a empresa trocará a barrinha de cereais oferecida aos clientes por sanduíches e a compra de bilhetes dará milhas aos participantes do programa Smiles, que foi adquirido com a Varig.
Varig para a América Latina
A diferença entre as marcas Gol e Varig poderá ser vista nos vôos internacionais. "É uma evolução natural para uma empresa que tem quase 40% do mercado nacional", diz Constantino de Oliveira Júnior, presidente da Gol. "São itens que permitem ampliar o leque de público e gerar demanda", diz.
Os trechos com quatro ou mais horas de duração - a partir de São Paulo, Caracas, Santiago e Bogotá - serão feitos pela Varig, em aeronaves com duas classes: a econômica comum e a econômica mais confortável, que ocupará as primeiras quatro fileiras dos aviões e terá mais espaço entre as poltronas e entretenimento a bordo com aparelhos individuais portáteis.
Em 2007, quando comprou a Varig a Gol pretendia fazer da empresa o seu braço para fidelizar o público de negócios, com mais vôos diretos entre cidades e aviões com mais espaço entre as poltronas.
Agora, os aviões antigos da Varig (Boeings 737-300) estão sendo substituídos por aeronaves novas que têm o mesmo número de poltronas e espaço entre elas que os da Gol: modelos 737-700, com 144 assentos, e 737-800, com 184 lugares.
A malha de vôos, que foi combinada com a da Gol, prevê apenas alguns vôos diretos adicionais e não há foco primordial num público. À medida que os aviões entrarem em manutenção, o logotipo da Varig será substituído pelas cores e marca da Gol.
Nesses vôos de duração "média", a empresa vai oferecer refeições quentes. Já o modelo dos vôos domésticos vai imperar em outros oito destinos da América do Sul.
Nova malha de vôos
A partir de 19 de outubro, segundo o presidente da companhia, a nova malha entra em vigor. "Antes, havia vôos da Varig e da Gol nas mesmas rotas e nos mesmos horários e uma empresa era um peso para a outra", diz Oliveira Júnior.
A união das malhas foi autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em setembro. A nova malha terá cerca de 794 vôos por dia, acima da média de 740 dos últimos meses, quando a empresa cortou parte da capacidade.
A eliminação das sobreposições devem, segundo ele, permitir uma melhora das taxas de ocupação da Gol. A companhia também absorveu toda a estrutura administrativa da Varig. "Teremos ganhos de sinergia e escala que compensam qualquer eventual aumento de custo com serviço de bordo", diz.
O executivo disse que haverá demissões no processo de fusão, mas não revelou o número exato. Também disse que a Gol está contratando em algumas áreas.