A companhia aérea Gol protocolou nesta quinta (25) um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos com uma dívida estimada em R$ 20 bilhões, segundo agências de risco. O processo americano, conhecido como Chapter 11, oferece proteção contra falência nos EUA e inclui um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões.
A medida, segundo a Gol, não impacta as operações regulares, garantindo que todos os voos continuem conforme programado, e todas as passagens aéreas e reservas permaneçam válidas. Em entrevista coletiva, Celso Ferrer, presidente da companhia, destacou que os recursos provenientes do financiamento devedor em posse (DIP) “mudam completamente a condição do caixa da companhia”.
“É muito recente, muito cedo para falar o que exatamente vai ser negociado. O que eu posso falar é que nós queremos sair com a estrutura de capital correta”, afirmou Ferrer. O pedido foi apresentado ao Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.
Ferrer esclareceu que as negociações estão em curso com os arrendadores de aeronaves, chamados de lessores. “Temos algumas apoiando muito os pedidos da companhia para realinhamento do fluxo de caixa, devolução de algumas aeronaves, alguns nos apoiando muito”, disse.
Ele também ressaltou que o processo de renovação de frota continua, com a chegada da 45ª aeronave Boeing 737 Max 8.
O presidente da Gol assegurou que não há planos de reduzir operações, tamanho de frota, pessoal, número de bases, destinos ou rotas. O Chapter 11, explicou Ferrer, visa proteger a empresa contra ações dos arrendadores de aeronaves, proporcionando tempo e condições para negociações.
Em comunicado, a Gol informou que o financiamento está sujeito à aprovação judicial e visa gerar caixa com as operações para garantir liquidez durante o processo de reestruturação financeira. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou que a companhia “manterá suas operações normalmente”, com o órgão regulador acompanhando a segurança das operações e o atendimento aos passageiros.
Com o pedido de recuperação judicial, a Gol segue os passos de empresas como Avianca, Aeromexico e Latam – esta última terminou o processo em 2022. A expectativa de Ferrer é que o processo da Gol tenha uma duração substancialmente menor do que o observado em outras companhias latino-americanas, considerando o contexto de incerteza causado pela pandemia, mas sem estimar quanto tempo pode levar.
A crise enfrentada pela Gol levou o governo federal a discutir a criação um fundo de financiamento de até R$ 6 bilhões para o setor a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pacote de socorro às aéreas também envolve a redução do preço do querosene de aviação.
O fundo está sendo discutido com o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, e ser apresentado até o começo de fevereiro.
Também se discute no governo a questão da judicialização do setor, a entrada de novas empresas no mercado brasileiro, a melhoria dos aeroportos no Brasil e a construção de novos aeroportos por meio do Novo PAC.
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