As ações da GOL, a maior companhia aérea brasileira em participação de mercado, encerraram o dia em queda de 1,96% na B3, cotada a R$ 26,52. Os ADRs da empresa listados na Bolsa de Nova York também caíram 1,42%. O principal motivo é o segundo acidente fatal envolvendo o Boeing 737 Max 8 em cinco meses. A GOL tem 100 encomendas do modelo - que tem capacidade para transportar entre 170 e 210 passageiros e entrou em operação em 2017 0 para receber até 2028.
O primeiro dos acidentes envolvendo o 737 MAX 8 foi na Indonésia, em 29 de outubro ; o segundo, na Etiópia, no domingo . Os dois aviões tinham, no máximo, quatro meses de operação, segundo a Flight Safety Foundation, uma entidade que promove a segurança na aviação. Juntos, os dois acidentes causaram 346 mortes.
A GOL pretende usar o avião como a espinha dorsal de sua frota, tornando-se a maior operadora do modelo na América Latina. Uma das apostas da empresa é utilizá-lo para ganhar mais eficiência: o modelo consome 15% menos combustível por assento-quilômetro ofertado em relação aos 737 NG - e ampliar a presença internacional.
“Atualmente, o impacto desse modelo para as receitas da GOL é pequeno”, destaca Vinícius Andrade, analista da Toro Investimentos. Atualmente, a companhia aérea opera sete aviões do tipo, principalmente em voos internacionais para os Estados Unidos e para o Equador. Outros 13 devem ser entregues nos próximos dois anos. “O efeito seria pior se fosse usado mais em voos domésticos.”
Segundo Bruna Pezzin, analista da XP Investimentos, mo momento, o problema com o 737 MAX 8 não é tão preocupante, devido à pequena participação na frota e ao cronograma de entregas, que é de longo prazo.
Aviões parados na GOL
A GOL suspendeu a operação das sete aeronaves Boeing 737 MAX 8. "Sendo segurança o valor número um da GOL, que direciona absolutamente todas as iniciativas da empresa, a companhia informa que por liberalidade, a partir das 20:00 horas de hoje (segunda-feira), suspenderá temporariamente as operações comerciais das suas aeronaves 737 MAX 8", anunciou a companhia, em nota.
Bruna lembra que a frota da GOL é formada por aviões complementares e que a empresa deve cobrir parte das rotas afetadas com outros modelos. O problema são as rotas de Brasília para Miami e Orlando. O eventual substituto, o Boeing 737-800, não tem autonomia suficiente para fazer o trajeto.
No cenário mais drástico, as rotas seriam suspensas. Para mantê-las, a GOL teria de optar por uma escala técnica em Manaus ou pelo arrendamento de aeronaves com o alcance necessário de voo.
Papel relevante
O modelo não é só relevante para a GOL, mas também para a indústria da aviação comercial, destaca Arthur Siqueira, da GEO Capital. Segundo ele, dois terços da demanda mundial de aviões comerciais é do tipo narrowbody (fuselagem estreita), como esses modelos da Boeing. “E eles disputarão espaço com a Airbus.”
A Boeing já entregou cerca de 350 Boeings 737 MAX a 68 companhias em todo mundo e tem outros 4.600 encomendados para entrega nos próximos anos. “75% delas são da versão MAX 8, o mesmo modelo que caiu na Indonésia e na Etiópia”, explica Siqueira.
A fabricante do avião, disse que não vê razões para que as companhias deixem o modelo no chão. “A investigação está em seu estágio inicial. Neste momento, baseado nas informações disponíveis, não há razões para manter os aviões no chão”, disse a fabricante de aviões em comunicado à CNN.