A era do BRIC está chegando ao fim no Goldman Sachs. O banco incorporou, no mês passado, o deficitário fundo de investimento em Brasil, Rússia, Índia e China ao fundo de mercados emergentes, mais amplo. A instituição justificou o fim da aplicação criada há nove anos por não esperar “crescimento patrimonial significativo no futuro previsível”.
Quatorze anos após o ex-economista do Goldman Sachs Jim O’Neill cunhar o acrônimo que marcou o início de um boom de investimento sem precedentes, os maiores mercados emergentes estão agora patinando. Rússia e Brasil em recessão; China, por muito tempo um motor do crescimento do mundo, deve registrar sua menor taxa de crescimento desde 1990.
O queda do fundo BRIC, que perdeu 88% de seus ativos desde o pico de 2010, também mostra como a estratégia de agregar países diferentes em um único tema de investimento está perdendo apelo entre os investidores.
“A promessa de crescimento rápido e sustentável do BRIC foi contestada muito nos últimos cinco anos ou mais”, afirma Jorge Mariscal, diretor de investimentos dos mercados emergentes do UBS, que administra cerca de US$ 1 trilhão. “O conceito dos BRIC era popular. Mas nada é eterno”.
Universo mais diversificado
O fundo BRIC está sendo engolido pelo Emerging Markets Equity Fund cono parte dos esforços do Goldman Sachs para “otimizar” seus ativos e “eliminar produtos sobrepostos”, afirmou o banco em documento enviado ao órgão regulador da Bolsa de Nova York em 17 de setembro.
Em vez de liquidar a aplicação, o Goldman Sachs optou pela fusão a fim de dar aos investidores acesso a “um universo mais diversificado” de nações em desenvolvimento. O banco assinalou que o fundo de mercados emergentes superou as metas nos últimos anos. Já o fundo BRIC perdeu 21% em cinco anos até 23 de outubro, último dia de negociação antes da fusão. Seus ativos diminuíram para US$ 98 milhões no final de setembro, depois de um pico de US$ 842 milhões em 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Andrew Williams, porta-voz do Goldman Sachs, se recusou a comentar sobre o encerramento do fundo. O’Neill, que deixou o cargo de presidente da Goldman Sachs Asset Management em 2013 e tornou-se secretário comercial do Tesouro do Reino Unido em maio, também se recusou a comentar.
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