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O apelo estético é duvidoso, mas o Google Glass oferece as facilidades de um smartphone em bem menos tempo – todo o processo para tirar uma foto leva menos de um segundo | Divulgação
O apelo estético é duvidoso, mas o Google Glass oferece as facilidades de um smartphone em bem menos tempo – todo o processo para tirar uma foto leva menos de um segundo| Foto: Divulgação

Previsto para chegar ao mercado no início do ano que vem, o Google Glass divide opiniões sobre sua viabilidade como um produto bem sucedido. No mundo da tecnologia e entre os primeiros usuários que pagaram US$ 1,5 mil para testar os óculos, a discussão é se o Glass está mais para o Segway – o patinete motorizado que prometia revolucionar o transporte, mas não vingou – ou para o iPhone – o primeiro celular inteligente e que transformou a Apple numa das maiores empresas do mundo.

OPINIÃO: Confira os prós e contras do Google Glass

Robert Scoble, blogueiro americano conhecido por ser altamente empolgado com novos produtos – foi o primeiro a comprar o iPhone, em 2007 – disse, depois de duas semanas usando os óculos, que "não vai passar mais um dia da sua vida sem eles [ou um concorrente] ".

Além de citar o bom funcionamento do programa de reconhecimento de voz do aparelho, o que faz com que qualquer um utilize a internet sem precisar das mãos, Scoble também diz que ficou totalmente maravilhado com a câmera. "Muda totalmente a fotografia e o vídeo. Por quê? Eu contei quantos segundos levam para tirar meu smartphone do bolso, desbloqueá-lo, encontrar o aplicativo da câmera e tirar a foto. Seis a doze segundos. Com o Google Glass? Menos de um segundo. E eu posso fazer isso com as mãos livres, enquanto estou carregando as compras do mercado para o carro e meus filhos estão fazendo algo fofo." Para reafirmar o que disse sobre não tirar os óculos, Scoble postou inclusive uma foto dele [só do rosto] tomando banho, tirada com os próprios óculos.

Efeito "bobo"

A foto acabou na capa do site da revista Wired, num artigo intitulado "Caras como esse podem matar o Google Glass antes mesmo de ele decolar". No texto, o jornalista Marcus Wohlsen argumenta que há um elemento pouco falado sobre o uso do Glass, o mesmo que fez os fones de ouvido bluetooth fracassarem: basicamente, andar com uma câmera acoplada no seu rosto a todo momento te faz parecer um bobo.

Matt Yglesias, blogueiro de economia da Slate, lembra que o Google é uma empresa principalmente de geeks e engenheiros, e que portanto privilegia a engenharia à estética. Tem também mais probabilidade em investir numa grande inovação sem a devida consideração das perspectivas do produto como um negócio. Yglesias parece tomar partido dos que acreditam que um concorrente, com mais apelo fashion, vai chegar para dominar o mercado. "A ideia de um aparelho para o rosto que lhe dá conexão permamente à internet é realmente promissora, mas também é verdade que o Google Glass parece super-bobo. Um obstáculo que qualquer novo gadget vai enfrentar é que no começo não parece que as pessoas ‘precisam’ dele. O ‘precisar’ só se torna aparente quando uma massa crítica de pessoas já o está usando. Algo que parece estranho e bobo vai ter dificuldade em atingir essa massa crítica, e eu acho bastante plausível que uma outra empresa, com mais ‘consciência fashion’, apareça para conseguir esse feito."

Investidores estão de olho nos aplicativos para o gadget

O Google Glass mal chegou às mãos dos primeiros usuários e já existe uma comunidade de desenvolvedores tentando criar o próximo grande "aplicativo" para o aparelho. Na semana passada, um programador criou um app para tirar fotos apenas com o piscar do olho. A corrida para ser um dos primeiros a se tornar um hit no Glass faz sentido. Raramente um gadget se transforma em uma categoria nova de produto, algo que o Glass tem chance de conseguir. Quando esses novos produtos aparecem, é comum destruírem outros mercados [pense nos tablets substituindo o uso de PCs] e criarem oportunidades para os que chegarem primeiro.

O Glass vai funcionar em um ecossistema próprio e fechado, controlado pelo Google, num esquema parecido com a que a Apple tem para o iPhone e o iPad.

Investidores

Marc Andreessen, o criador do navegador Netscape e que hoje é um dos maiores investidores do Vale do Silício, lançou em conjunto com outros dois sócios o Glass Collective, uma firma de investimento para encontrar startups promissoras que trabalhem com o ecossistema do Glass. "Apesar de estarmos nos primeiros dias, há o potencial aqui de criar uma plataforma. Acredito que esse é momento para ajudar e dar suporte aos empreendedores", disse John Doerr, um dos investidores do Glass Collective, ao New York Times. Doerr disse acreditar que o Glass pode ser a próxima grande plataforma para aplicativos, similar às plataformas para navegadores, smartphones e Facebook.

Em uma entrevista à TV Bloomberg, Andreessen disse acreditar que o Glass é "revolucionário". "Essas ideias sempre começam de maneira estranha. A ideia de você levar seu laptop para um café era estranha. A ideia de ficar olhando para o celular durante o jantar era estranha. Quando você experimenta o Google Glass, você tem a internet ali, diretamente no seu campo de visão. Pelo menos para mim, é algo mágico. E essa é só a primeira versão do aparelho. Em cinco ou dez anos, essas coisas vão ser experiências maravilhosas."

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Opinião

Na rede social Quora, Greg Roberts, CEO da dsky9.com, listou suas impressões sobre o Glass:

Prós

• É leve

• Apresenta o resultado de buscas diretamente no seu campo de visão

• Tem comando de voz eficiente

• Áudio e vídeo privados

• Apelo fashion, pelo menos para os amigos geeks

• Cor pode ser escolhida

• Tem API (interface de programação de aplicativos) fácil para desenvolvedores

• A tela é sutil, cobrindo parte pequena do campo de visão

Contras

• A bateria dura só três horas

• O estilo parece bobo para os amigos não-geeks • Todos os serviços precisam passar pelo servidor do Google

• Preço: US$ 1,5 mil, mais impostos, pelo menos para os protótipos

• Preso ao ecossistema do Google

• Possível portal para propaganda direto na sua retina

• Sem conexão 3G ou 4G, requer smartphone ou wi-fi

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