Números
-1,5% é a nova previsão do Banco Central para o desempenho da agricultura em 2012, segundo relatório divulgado ontem. Antes, a estimativa era de um crescimento de 2,5%.
BC espera que juros ao consumidor caiam mais
Folhapress
O diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou ontem que a expectativa da autoridade monetária é que as taxas de juros aos consumidores caiam para a casa dos 37% ao ano em junho. "Nossa visão é que os juros à pessoa física vão se posicionar em um novo recorde de baixa neste mês."
Nesta semana, o BC divulgou que a taxa média para consumidores caiu de 41,8% ao ano em abril para 38,8% ao ano no mês passado. No caso de financiamentos para pessoas jurídicas, a queda foi de 26,3% para 25%, na mesma comparação. A inadimplência dos consumidores voltou a subir em maio. Os dados do BC mostram que 8% dos empréstimos a pessoas físicas apresentam atraso no pagamento superior a 90 dias, acima dos 7,8% registrados em abril. No caso da inadimplência das empresas, o porcentual se manteve em 4,1% . A inadimplência geral (pessoa física e pessoa jurídica) foi de 6% em maio a maior da história (da série iniciada em junho de 2000). A inadimplência da pessoa física é a maior desde maio de 2009.
Apesar desse cenário de alta do calote, as taxas de juros cobradas do consumidor continuaram em queda. A taxa média para pessoas físicas no mês passado caiu de 41,8% ao ano para 38,8% ao ano. No caso dos financiamentos para pessoas jurídicas, passou de 26,3% para 25%. "A inadimplência se manteve no patamar mais elevado da nossa série, influenciado pela inadimplência de pessoa física, em particular veículos. Isso acontece por conta do segundo semestre de 2010. Tivemos naquele período expansão bastante pronunciada, prazo médio dessas operações era de em média quatro anos, e isso ainda repercute na carteira de crédito", ressaltou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.
O governo admitiu pela primeira vez que a economia brasileira vai crescer neste ano menos que o verificado no ano passado. O Banco Central revisou ontem a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 de 3,5% para 2,5%. Em 2011, o crescimento foi de 2,7%. Será o segundo ano seguido de desaceleração e o pior resultado desde 2009, quando a economia encolheu por conta da crise externa.
A revisão se deve, principalmente, ao fato de a atividade econômica ter crescido, desde o primeiro trimestre, mais lentamente que o esperado. A instituição ainda não divulgou a previsão para 2013, mas afirmou que será um ano de recuperação. Destacou, entretanto, que as estimativas de analistas para o próximo ano têm sido revisadas para baixo. Essa avaliação está em harmonia com a afirmação, já feita pelo BC, de que a crise vai se arrastar por mais dois anos.
O mesmo documento (o Relatório Trimestral de Inflação do BC) destaca de maneira inédita que economias emergentes sofrem cada vez mais o impacto da crise na Europa e Estados Unidos. "Prevalece uma visão de recuperação em 2013, mas a intensidade dessa recuperação tem sido revista para baixo", disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, ao apresentar o Relatório Trimestral de Inflação.
Para chegar a sua nova estimativa de crescimento em 2012, o BC cortou pela metade sua projeção para a expansão da indústria, que passou a ser de 1,9%. Também diminuiu a previsão para o setor de serviços para 2,8%. No caso da agricultura, a revisão foi mais drástica, já que passou de uma alta de 2,5% para uma retração de 1,5% (leia mais sobre as perspectivas para a agricultura na página 19).
Apesar de avaliar que a atividade perdeu força, o BC diz que a política de corte dos juros continuará sendo conduzida com "parcimônia", pois várias medidas de estímulo econômico ainda terão efeito, neste e no próximo ano. Para vários analistas, parcimônia significa cortes de 0,50 ponto porcentual da Selic nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). A divulgação da nova previsão derrubou os juros no mercado, devido à aposta de que a taxa básica deve cair dos atuais 8,5% para 7,5% ao ano.
"Pé no chão"
A visão do BC não é, no entanto, unanimidade na equipe econômica e despertou críticas. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse que o crescimento em 2012 será maior que no ano passado. Afirmou ainda que o número do BC "não é um dado que possa se tomar como sendo preciso e certo", pois não leva em conta todos os estímulos do governo para a economia.
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, considerou a revisão da projeção de crescimento da economia brasileira para este ano uma "adequação à realidade". "Pé no chão, mas com muito trabalho", disse. "É claro que a situação da crise coloca condições de maior dificuldade. Mas não tem semana que não tenha anúncio, que não tenha iniciativa, que não tenha ação do governo para fazer com que o crescimento se dê dentro das nossas potencialidades e possibilidades", afirmou.
Preços
O BC também revisou para baixo a projeção para a inflação em 2013, de 5,2% para 5,0%, e avalia que o índice de preços ao consumidor vai ficar praticamente nesse nível no primeiro semestre de 2014. A expectativa para 2012, porém, foi revisada para cima. Em março, a previsão era de um IPCA abaixo da meta (4,4%) em 2012. A alta do dólar, no entanto, levou o BC a elevar a projeção para 4,7%. Apesar do aumento, se confirmado, será o melhor resultado para a inflação nos últimos três anos.
Moodys rebaixa rating de oito bancos brasileiros
A agência de classificação de risco Moodys informou ontem que rebaixou a nota de crédito de oito instituições financeiras brasileiras entre um e três graus, como parte de sua revisão global de todos os bancos com ratings mais elevados do que o rating soberano de seu país de origem. "Nossa análise indicou que há poucas razões para acreditar que esses bancos estariam isolados a partir de uma crise da dívida do governo", justificou a Moodys, em comunicado. "Mais especificamente, nós notamos uma significativa exposição direta desses bancos para os títulos do governo brasileiro, equivalente a 167% do capital de nível 1, em média."
A Moodys rebaixou Banco do Brasil, Safra, Santander e HSBC Bank Brasil ao nível do rating de crédito soberano do Brasil, ou seja, o grau de investimento Baa2. Bradesco, Itaú Unibanco e o banco de investimentos do Banco Itaú BBA foram rebaixados em um grau acima do rating soberano, porque possuem fatores que ajudam a mitigar os riscos, incluindo níveis moderados de diversificação internacional e altos níveis de negócios e diversificação de resultados, apesar de, em geral, possuírem altos níveis de participação na dívida soberana.
O Banco Votorantim foi rebaixado em um grau abaixo do nível do rating da dívida soberana brasileira para refletir o mau desempenho financeiro do banco, incluindo a fraca qualidade e rentabilidade dos ativos e as perspectivas de desafios constantes para a sua solidez financeira.
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