A conversão de saldos acumulados no Nota Paraná em créditos para telefone celular ainda não está ao alcance dos consumidores. O programa teve início em agosto do ano passado e, segundo o governo anunciou na época, essa modalidade de uso dos créditos estaria disponível a partir de novembro. Seis meses depois, a Secretaria da Fazenda ainda está em negociação com as operadoras de telefonia.
Segundo o diretor-geral da pasta, George Tormin, a demora se deve à busca por condições mais vantajosas. “Estamos tentando negociar com as empresas para que, a cada real que se coloque lá, elas creditem R$ 2 para o consumidor. Se fosse um para um, elas já tinham entrado. Mas estamos buscando um benefício maior”, diz.
LEIA TAMBÉM: 46% das compras resultaram em crédito zero
O objetivo do Nota Paraná é estimular os consumidores a pedir nota fiscal com CPF, incrementando a arrecadação do ICMS, principal tributo estadual. Parte da receita é devolvida aos contribuintes, na forma de créditos ou em sorteios mensais – o sorteio de maio foi realizado nesta segunda-feira (23) e, pela primeira vez, três moradores do interior do Paraná levaram os três maiores prêmios.
Por enquanto, o contribuinte só pode transferir os créditos para sua conta bancária, e para isso precisa ter acumulado no mínimo R$ 25 em sua “conta corrente” do programa.
A ideia da Fazenda é exigir um valor bem menor que esse para a conversão em créditos para celular: a partir de R$ 5, que, se as operadoras aceitarem as condições do governo, se converteriam em R$ 10. “O interessante dessa modalidade é que a pessoa não precisa ter conta em banco para usar os créditos”, diz o diretor-geral da Fazenda.
O governo também vai permitir que o contribuinte use seu saldo para pagar o IPVA de 2017. Segundo Tormin, a “janela” será aberta em outubro ou novembro, quando as pessoas poderão informar o Renavam do veículo.
Crise
Os dados dos seis primeiros meses do programa apontam para uma queda no cadastramento de notas fiscais no Nota Paraná.
Em agosto de 2015, o primeiro mês, foram 16,6 milhões de notas, número que foi caindo gradualmente até chegar a 13,2 milhões de documentos em novembro. Após uma recuperação em dezembro (14,5 milhões), a emissão voltou a cair em janeiro (11,4 milhões).
Segundo o governo, o movimento é efeito da recessão. “Essa queda só tem uma explicação lógica: é a diminuição do ritmo da atividade econômica. As pessoas compram menos, e aí se emitem menos notas. Com certeza é a crise. Porque onde implantamos programas como esse, a tendência é sempre de crescimento”, diz Tormin, que participou do desenvolvimento de programas semelhantes em São Paulo e na Bahia.