pedágio pode subir
Os pedágios cobrados em rodovias brasileiras vão subir se a lei dos caminhoneiros for sancionada pela presidência sem vetos, afirmou ontem a ABCR, associação que representa empresas concessionárias de estradas. A entidade afirmou que a consequência virá da exclusão da cobrança de pedágio de eixo suspenso, prevista no projeto de lei 4.246/12. A ABCR já havia dito que os pedágios seriam elevados após o texto ter sido aprovado na Câmara dos Deputados em meados deste mês. “O pedágio ficará mais caro para todos os usuários, inclusive para os caminhoneiros”, afirmou a ABCR em nota à imprensa. A entidade representa concessionárias de empresas como Arteris, Ecorodovias, CCR e Triunfo.
dilma confia em acordo
A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo está se empenhando para resolver a greve dos caminhoneiros. “O governo está fazendo, como vocês viram, todo um esforço na questão da resolução da greve”, disse. “Apresentamos, para várias lideranças e empresários que foram consultados, um conjunto de propostas, que já foi divulgado e a gente tem visto que elas têm tido uma recepção.” A presidente evitou responder a perguntas sobre a manutenção de pontos de paralisação em vários estados do país. Ontem, os bloqueios continuaram em pelo menos seis estados. No Paraná, no meio da tarde, 59 trechos continuavam interditados, sendo 40 em estradas estaduais e outros 19 em trechos federais, segundo boletins das polícias rodoviárias.
As propostas do governo para debelar a greve dos caminhoneiros sofrem forte rejeição tanto por sindicatos que participaram da negociação conduzida pelo Palácio do Planalto quanto por lideranças de motoristas autônomos.
Minutos antes de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, conceder entrevista coletiva na qual afirmou que o governo multará entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por hora, individualmente, os caminhoneiros que bloquearem rodovias e que a Polícia Federal, a Força Nacional e a Polícia Rodoviária Federal vão encerrar novas paralisações, o Comando Nacional do Transporte registrou uma nota no Palácio do Planalto lamentando a criminalização do movimento. “Não é aplicando multas, tampouco colocando a polícia para bater em pais de família, que as coisas vão se resolver”, observou o documento.
O acordo firmado pelos ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, e 11 representantes de entidades ligadas aos trabalhadores garante sanção integral da Lei do Caminhoneiro e carência de um ano para pagamento das parcelas de financiamento de caminhões pelo Finame e Pró-Caminhoneiro.
A nota do Comando entregue à Presidência pede uma “audiência emergencial” com o Rossetto. Os caminhoneiros que estiveram no Planalto pelo Comando foram Ivar Schmidt, Márcio José Correa e Celso Dal Bosco. Schmidt afirmou que os caminhoneiros estão deixando as rodovias para cumprir liminares da Justiça, mas que já estão voltando às estradas para reiniciar os protestos.
“Estamos organizados em aproximadamente cem líderes espalhados em cerca de 128 pontos pelo Brasil. E a adesão não para de crescer. Já há disposição de bloquear veículos de passeio”, afirmam, na nota entregue no Planalto, na qual as propostas do governo são rejeitadas.
Já o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, que participou das negociações com o governo, disse que, “de fato, foram realizadas exaustivas negociações com o governo, mas a categoria não ficou satisfeita com as propostas feitas e, portanto, elas não foram aceitas”.
Segundo ele, as duas principais reivindicações – aumento do preço do frete e redução do preso do diesel – não foram atendidas. “Sentamos para conversar com nosso pessoal mas não fomos atendidos e nós temos de ficar é do lado deles [caminhoneiros], da nossa base”, disse.
O Planalto está se vendo em dificuldades porque não tem como interferir no que está efetivamente emperrando as negociações: o valor do preço do frete, pois seria uma interferência no mercado. “Não vamos regular mercado. Há uma regulação livre deste mercado pelo setor privado”, disse um assessor palaciano, preocupado com a falta de solução para o caso.
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