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Governo Lula estuda mudar cálculo para recursos da Saúde, valor pode diminuir após alteração

Ministério da Saúde
Ministério da Fazenda avalia retirar receitas extraordinárias de cálculo de receita corrente líquida, que pode alterar valores de repasses constitucionais. (Foto: Secom/MS)

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda fazer uma mudança no cálculo do volume de recursos aplicados na Saúde que pode alterar o piso constitucional nos próximos anos. A proposta consiste em retirar alguns itens da chamada Receita Corrente Líquida (RCL), como receitas extraordinárias de concessões, acordos e transações tributárias que não são recorrentes na arrecadação.

A informação de que o governo está fazendo este estudo consta em uma minuta de um projeto de lei que foi obtida e divulgada nesta quarta (4) pela Folha de São Paulo, e confirmada à Gazeta do Povo pelo Ministério da Fazenda.

A pasta afirmou, em uma nota à reportagem, que o estudo está sendo realizado dentro do chamado “Novo Ciclo de Cooperação Federativa”, com um conjunto de medidas lançado pelo Tesouro Nacional em julho que “visa reformular e revitalizar o pacto federativo brasileiro e fortalecer a relação entre União, estados e municípios”.

Como o estudo avalia os gastos e a arrecadação do governo, há o temor de que a mudança reduza os valores empenhados de acordo com o piso constitucional de investimento na Saúde, de 15% da RCL, por conta da retirada das receitas extraordinárias usadas na base de cálculo.

O ministério informou, no entanto, que este momento de discussão ainda apura “eventuais impactos de descumprimento”. “Também está em análise a possibilidade de estabelecimento de período de transição para permitir a adequação de todos os entes”, disse.

Como deve ser a alteração nos indicadores

De acordo com o que o Ministério da Fazenda informou à Gazeta do Povo, a alteração que está em estudo “busca pela harmonização entre o conceito da receita corrente líquida e o conceito de receita recorrente”, em que a primeira é “a referência para controle de despesas de caráter continuado”.

“O cômputo de receitas não recorrentes ou extraordinárias em sua base pode criar distorções significativas e colocar em risco a sustentabilidade fiscal dos entes [União, estados e municípios]”, disse.

Segundo o ministério, serão excluídos do cálculo da receita corrente líquida os recursos provenientes de concessões, permissões e de acordos e transações tributárias para ter “maior rigor na mensuração de receita corrente líquida”.

“Evitando que indicadores de despesas de pessoal ou de endividamento sobre a RCL sejam momentaneamente distorcidos em função de receitas que não possuem caráter de recorrência. Trata-se, portanto, de uma medida saudável na medida em que não gera lastro para criação de despesa permanente”, afirmou.

Em resumo, a não utilização de receitas extraordinárias pretende evitar que o governo crie novas despesas sem a devida contrapartida financeira para pagamento posterior. No entanto, também pode alterar valores que são calculados proporcionalmente para gastos com despesas e pessoal.

Segundo apurou a Folha, as despesas extraordinárias responderam, em 2022, por R$ 193,6 bilhões.

A retirada de receitas extraordinárias do cálculo não é nova e já está prevista inclusive no projeto do novo arcabouço fiscal, sancionado no final do mês de agosto. O texto deixa de fora as receitas obtidas com concessões e permissões, transferências legais, entre outras.

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