Em busca de mais recursos para reequilibrar as contas públicas, a presidente Dilma Rousseff assinou nesta quinta-feira (21) medida provisória que vai aumentar a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de bancos e outras instituições financeiras, de 15% para 20%. A estimativa do Palácio do Planalto é que a medida gere de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões a mais por ano para a receita da União, como reforço ao ajuste fiscal elaborado pela equipe do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
O aumento será publicado nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da União (DOU), mas só entrará em vigor após 90 dias. Em uma edição extra, o DOU deve trazer ainda os cortes no Orçamento de 2015, que, segundo fontes, ficarão em torno de R$ 70 bilhões. O último aumento do CSLL ocorreu em 2008, no segundo mandato do presidente Lula.
A tributação sobre bancos, além de render recursos extras ao Tesouro, atende à reivindicação do PT de que o governo precisa também taxar o andar de cima para dar discurso aos petistas para aprovar todas as medidas do pacote fiscal. Busca ainda compensar perdas de economia de gastos que devem ocorrer a partir de mudanças que serão feitas no Congresso na votação das medidas provisórias que tornaram mais rígidas as regras de benefícios trabalhistas e previdenciários. Até agora, o governo já havia garantido cerca de R$ 23,3 bilhões com a elevação de tributos.
Rumores
As ações dos bancos vem sofrendo na Bovespa desde o início da semana, quando começaram a surgir especulações sobre a elevação de tributos sobre o setor e o fim do juro sobre capital próprio. No início da semana, Levy disse que o governo avaliava a possibilidade de elevar tributos dependendo do andamento das medidas de ajuste fiscal no Congresso.
As mudanças realizadas pelo Congresso até o momento nas medidas provisórias 664 e 665, que alteram as regras de acesso a benefícios previdenciários e trabalhistas, reduziram a expectativa de ganho com essas medidas neste ano em R$ 3,5 bilhões, de acordo com estimativas do governo. As MPs ainda estão tramitando no Legislativo.
O governo também já não pode contar com a estimativa de ganho de R$ 5 bilhões neste ano com a reversão parcial da desoneração da folha de pagamento das empresas, já que provavelmente as mudanças entrarão em vigor apenas no fim do ano.
A elevação da CSLL não é o primeiro aumento de tributos adotado pelo governo neste ano. Em janeiro, o governo anunciou a retomada da cobrança da Cide-Combustível, elevação da alíquota do IOF nas operações de crédito de pessoas físicas e do PIS/Cofins de produtos importados.
Fazenda estuda tirar de empresas benefício concedido há 20 anos
- BRASÍLIA
O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, confirmou nesta quinta-feira (21) que a cúpula do Ministério da Fazenda estuda a extinção de um benefício tributário concedido às empresas brasileiras há quase 20 anos. Malaquias afirmou que os estudos para o fim da distribuição de lucros pelas empresas por meio do instrumento de Juros sobre Capital Próprio (JCP) estão no gabinete do ministro Joaquim Levy.
“Esse assunto está sendo discutido no gabinete do ministro. Ainda não temos informações sobre isso”, comentou. Malaquias disse que o Fisco não dispõe de cálculos sobre a arrecadação extra que essa mudança poderia proporcionar. “Evidentemente, vai para nossa área técnica para fazermos estimativas”, afirmou.
A medida, que conta com a boa vontade do PT, poderia render aproximadamente R$ 14 bilhões a mais, por ano, aos cofres federais. A modalidade de Juros sobre Capital Próprio foi criada em 1995 como uma forma alternativa para as grandes empresas e os bancos de capital aberto distribuírem lucro. Na prática, o mecanismo permite às grandes instituições do País recolher menos tributos.
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