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Governo decide manter mistura da gasolina

Para o ministro de Minas e Energia, mercado está bem abastecido de álcool e gasolina | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Para o ministro de Minas e Energia, mercado está bem abastecido de álcool e gasolina (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O governo federal adiou por 30 dias a decisão de reduzir a mistura do etanol na gasolina. Atualmente, o porcentual é de 25%, mas há estudos para diminuir essa quantidade para 20%. Na avaliação do ministro de Minas e Energia, Edi­son Lobão, "não há desabastecimento de etanol e, muito menos, de gasolina" que exija uma alteração neste momento. "Con­cluí­mos que o mercado está bem abastecido", afirmou o ministro. "Nós decidimos então não fazer nenhuma alteração neste mo­mento. Marcamos uma nova reunião para daqui a 30 dias, quando tomaremos as decisões que eventualmente forem necessárias", acrescentou Lobão, após reunião realizada na noite de quarta-feira, na sede de seu mi­­nistério, com representantes das pastas da Fazenda, Desen­volvimento, Agricultura, além da Petrobras e da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Segundo Lobão, se o governo decidir, no fim de agosto, que é necessária uma mudança no porcentual de etanol na gasolina, a medida entrará em vigor a partir do dia 30 de setembro para que as empresas tenham tempo para fazer os ajustes necessários.

O ministro disse ainda que o governo vai editar, dentro de dez dias, uma medida provisória que trata de incentivos, como financiamento, para estimular a produção e armazenagem de etanol. Segundo Lobão, será criada uma linha de crédito, com juros mais baixos e prazos maiores, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e no Banco do Brasil, para atender aos produtores e distribuidores que quiserem estocar etanol.

Importação

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, admitiu que a empresa vai ter de importar gasolina neste ano para atender ao crescimento da demanda interna, independentemente da esperada redução da mistura de 25% de etanol anidro. A expectativa era de que a companhia tivesse de voltar a importar o combustível caso fosse confirmada a intenção anunciada pelo governo de antecipar a redução da mistura no período de entressafra para setembro ou outubro deste ano, por causa da quebra de safra de cana-de-açúcar.

Segundo Gabrielli, houve um crescimento acima do esperado da demanda por gasolina este ano. Ele não soube dizer o porcentual, mas afirmou que o consumo aumentou principalmente devido ao crescimento da renda da população e, consequentemente, à compra de novos veículos – boa parte deles importados. "Os carros importados não são flex e não utilizam etanol", disse.

Gabrielli confirmou que haverá um déficit na balança comercial de derivados não somente neste ano, mas durante os próximos anos, até 2015. "A capacidade da oferta está com gargalos que só se­­rão sanados com a entrada em operação de novas refinarias", disse.

Neste ano, por causa da migração de consumidores de etanol para a gasolina durante a entressafra da cana-de-açúcar, a empresa teve de importar 1,5 milhão de barris do combustível em abril e 1 milhão em maio. O volume total equivale a três dias de consumo no país. No ano passado, a importação atingiu 3 milhões de barris.

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