Brasília - O governo deve anunciar hoje medidas de aperto fiscal para permitir que o Banco Central inicie mais rapidamente o ciclo de redução da taxa básica de juros ciclo que, na avaliação do mercado, só deve ter início em 2012, no mínimo. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, as medidas serão apresentadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, aos líderes governistas durante a reunião de Coordenação Política com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
Nos últimos dias, Mantega tem defendido uma nova relação entre as políticas fiscal e monetária. O ministro acredita que neste momento de baixo crescimento econômico nos países avançados, os estímulos à economia brasileira devem ser dados via política monetária, com queda de juros e, se preciso, redução dos depósitos compulsórios feitos pelas instituições financeiras no Banco Central.
O ministro prometeu resultados fiscais cada vez mais sólidos, contendo novos gastos de custeio. Garantiu que perseguirá o cumprimento das metas cheias de superávit primário não só neste ano, mas em todo o governo Dilma. Segundo o ministro, a consolidação fiscal que o governo busca não é para derrubar a economia, mas para fazer um crescimento de longo prazo que abra espaço para redução de juros no futuro. Ele tem defendido uma política fiscal mais defensiva para que a monetária seja mais ativa.
Fontes do governo disseram que as medidas foram costuradas na semana passada e que o anúncio deve ocorrer nesta segunda-feira, depois que a presidente Dilma Rousseff aprová-las. Mantega chegaria a Brasília, vindo de São Paulo, ainda ontem à noite.
As medidas estão sendo discutidas no mesmo momento em que o governo fecha a proposta orçamentária para 2012, que precisa chegar ao Congresso na quarta-feira. Para este ano, o cumprimento da meta de superávit primário (economia feita para pagar os juros da dívida) já estaria praticamente garantido em razão da forte arrecadação de impostos nos últimos meses. De janeiro a julho, o governo cumpriu 80% de toda a meta fiscal estabelecida para o ano.
O governo federal, estados, municípios e estatais economizaram R$ 91,9 bilhões para o pagamento de juros da dívida, o maior resultado para o período em dez anos. Esse desempenho já levantou especulações no mercado de que o governo fará um superávit maior que a meta este ano e poderá reforçar o Fundo Soberano Brasileiro (FSB) com o excedente.
O problema está sendo fechar as contas para 2012, em razão do reajuste do salário mínimo e de outras pressões de aumento de gastos, como reajustes de salários para o funcionalismo.
Além disso, o governo tenta manter o ritmo de crescimento da economia em torno de 4%. O risco de recessão nos países desenvolvidos e um possível agravamento do cenário externo podem ter impacto nos países emergentes.
Há uma preocupação da equipe econômica de que a crise internacional possa desacelerar demais o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil. Por enquanto, a meta para este ano é de expansão de 4,5%, mas Mantega já admitiu um porcentual menor. Para 2012, a meta ainda está em 5%.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião