Tudo indica que o governo deve voltar atrás na sua decisão de criar uma estatal para o mercado de seguros. O Ministério da Fazenda chegou a enviar à Casa Civil, em julho, o texto da Medida Provisória (MP) que criaria a Empresa Brasileira de Seguros (EBS). A justificativa das autoridades é atuar em áreas não cobertas pela iniciativa privada, especialmente na garantia para operações de crédito de habitação, financiamento estudantil e pequenas empresas.
As empresas do setor, porém, não gostaram da ideia, e passaram a dialogar com o governo em busca de uma solução. Homem chave nesse processo, o empresário paranaense Alexandre Malucelli, vice-presidente da J.Malucelli Seguradora, a maior do ramo de garantias na América Latina e detentora de 32% do mercado brasileiro, diz que, "aparentemente, está tudo resolvido". "Tudo se encaminha para a criação de uma agência gestora dos fudos garantidores, e não mais para a criação de uma empresa estatal". Hoje, sete fundos garantidores atuam no país, cobrindo prejuízos em projetos de grande porte.
Malucelli é diretor da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), entidade que reúne as seguradoras e negocia diretamente com o governo a questão da criação da agência.
Capacidade
Outro argumento usado pelo governo é de que a iniciativa privada não teria capacidade para dar seguro garantia para as obras programadas para os próximos anos. Empresários do setor, porém, dizem que o problema maior é o número de empresas capacitadas para tocar as obras. "São poucas empresas qualificadas para os grandes projetos. E essas empresas já têm grandes exposições no mercado de seguros. Não são apenas poucas construtoras, mas também são poucas fornecedoras de equipamentos e prestadoras de serviços. O governo poderia criar incentivos para que as empresas de médio porte se tornassem grandes, garantindo a atuação delas nos grandes projetos", diz Malucelli. (BB)
